“Fujimori foi condenado por violação de direitos humanos e corrupção. Foi responsável por um golpe de Estado, assim como pelo desmantelamento do nosso institucionalismo. O seu indulto demonstra o pouco apreço pela dignidade, igualdade perante a lei e direito à memória”, refere a carta a que a agência de notícias espanhola Efe teve acesso.

Os signatários, incluindo Alfredo Bryce Echenique, Fernando Iwasaki, Alonso Cueto e Alfredo Pita, entre outros reconhecidos escritores peruanos, consideraram que “o gesto do presidente Kuczynski cobre de infâmia e vergonha” o seu país.

O indulto concedido a Fujimori, decretado na véspera do Natal pelo Presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, tem motivado protestos nas ruas e abriu caminho para uma crise política.

A amnestia de Fujimori implicou a demissão do diretor-geral de direitos humanos do ministério da Justiça, Roger Rodríguez.

Em paralelo, também optaram por renunciar aos cargos o secretário técnico da Comissão multissetorial de alto nível sobre paz, compensação e reconciliação (CMAN), Daniel Sánchez, e a responsável pelo programa de Reparações simbólicas dessa comissão, Katherine Valenzuela.

O Presidente Kuczynski assinou o indulto apenas três dias após evitar a sua destituição no Congresso pelos seus vínculos com a construtora brasileira Odebrecht, e devido à abstenção de um grupo de dez deputados ‘fujimoristas’ liderados por Kenji Fujimori, o filho mais novo de Alberto Fujimori, e que anteriormente tinha pedido abertamente a Kuczynski para conceder o indulto a seu pai.

Fujimori, Presidente do Peru entre 1990 e 2000, foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão após ser responsabilizado pelas mortes de 25 pessoas em 1991 e 1992 perpetradas pelo grupo militar encoberto Colina, e pelo sequestro agravado de um jornalista e um empresário em 1992.