“É com alguma revolta e incompreensão que constatamos que esta avaliação não integra, com o devido destaque e relevância, os últimos dados científicos do recurso, que demonstram uma significativa melhoria da abundância da sardinha nas águas ibéricas”, disse o presidente da ANOP Cerco, Humberto Jorge, em declarações à Lusa.
Para o responsável, a recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) resulta de “um modelo matemático conservador e excessivamente precaucionário, que não integra muitas variáveis, nomeadamente, a social e económica”.
“Já sabíamos que o parecer do ICES não seria, novamente, bom, e infelizmente não entendemos porquê”, vincou.
No entanto, Humberto Jorge garantiu que o setor está confiante que o Governo português e espanhol, juntamente com a Comissão Europeia (CE), “saberão encontrar uma posição de consenso, sem extremismos, que permita à frota portuguesa continuar a capturar alguma sardinha, sem por em causa a recuperação do recurso”.
A pesca da sardinha deverá ser proibida em 2019 em Portugal e Espanha, tendo em conta a diminuição do ‘stock’ verificada nos últimos anos, segundo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) hoje divulgado.
“Deve haver zero capturas em 2019”, lê-se no documento do organismo científico.
De acordo com o ICES, o ‘stock’ de sardinha com um ou mais anos tem recuado desde 2006, tendo ficado abaixo dos 0,4 milhões de toneladas.
Já o recrutamento (novos peixes) tem sido inferior “à média, desde 2005, tendo mesmo em 2017 alcançado o seu pior resultado”, abaixo dos cinco mil milhões de toneladas.
Apesar de recomendar a suspensão da captura de sardinha, o ICES apresenta vários cenários de pesca.
Por exemplo, se o número de capturas de peixes entre os dois e cinco anos for o mesmo do de 2018, a biomassa com mais de um ano rondará as 158.409 toneladas, abaixo das 169.327 toneladas caso a captura seja proibida.
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