"Jamais poderá ser ético ou decente colocar a estética antes e acima das pessoas, da sua saúde e do seu bem estar", refere a petição intitulada "Salvar o Prédio Coutinho" e dirigida ao presidente da Assembleia da República.
Para os signatários, "forçar pessoas com 80 anos ou mais, o que é o caso, a abandonar as suas casas por causa da estética do prédio onde vivem é cruel e impróprio de um país decente".
O prédio Coutinho é um edifício de 13 andares situado no Centro Histórico de Viana do Castelo que o Programa Polis quer demolir, considerando que choca com a linha urbanística da zona.
A demolição está prevista desde 2000, mas ainda não foi concretizada porque os moradores interpuseram uma série de ações em tribunal para travar a operação.
No prédio, viviam cerca de 300 pessoas, restando agora nove.
A ação de despejo dos nove últimos moradores no prédio esteve prevista para a passada segunda-feira, mas acabou por não se concretizar face ao finca-pé dos mesmos.
A VianaPolis cortou, entretanto, a eletricidade, o gás e a água do prédio e avançou mesmo com a desconstrução do edifício.
Hoje, uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga obrigou a VianaPolis a repor "de imediato" todos os serviços do prédio.
"Os moradores podem voltar a fazer uma vida completamente normal", disse o advogado Vellozo Ferreira, que representa os últimos resistentes.
A petição online pela manutenção do prédio diz que os moradores vivem "há mais de 18 anos num permanente estado de angústia e incerteza", continuando a lutar pelas suas casas.
"Têm toda a razão em resistirem ao recusarem-se a abandonar as suas habitações", sublinha.
Diz ainda que "a destruição de um valioso património em bom estado de conservação, como é o Prédio Coutinho, por causa da sua estética, é chocante e inaceitável num país com tantas carências".
Por tudo isto, os signatários pedem à Assembleia da República que, "atendendo a razões humanitárias, éticas, económicas e de decência básica, tome as medidas necessárias para impedir a demolição do prédio Coutinho".
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