O pedido de demissão do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, foi expresso numa carta aberta e entregue em mãos ao governante, que reuniu com os representantes das associações.
“Encontramo-nos com o senhor ministro com uma posição muito dura. Pedir a demissão de um ministro não é algo que se faça de ânimo muito leve. Eu acho que ele ficou chocado com esta nossa atitude, mas a verdade é que está perdida a confiança”, afirmou aos jornalistas a escritora Lídia Jorge, que integra o movimento Futuro Limpo.
Na passada semana, no último dia do prazo previsto, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dispensou de estudo de impacto ambiental a prospeção de petróleo ao largo de Aljezur, no Algarve, pelo consórcio Eni/Galp.
O presidente da APA, Nuno Lacasta, justificou a decisão referindo que "não foram identificados impactos negativos significativos" na realização do furo de prospeção petrolífera.
No entanto, esta decisão, segundo sublinham os signatários desta carta, "contraria as recomendações da Assembleia da República, das Associações de Municípios do Algarve e Alentejo Litoral, autarquias e empresários do setor do turismo", tratando-se de "um atentando ambiental".
“Toda esta situação é absolutamente lamentável. Esta decisão ignora tudo aquilo que foi a consulta pública e que teve uma participação extraordinária. Consideramos que esta operação de prospeção terá riscos semelhantes ao de uma operação de exploração”, considerou à agência Lusa Carla Graça da associação Zero.
No entender da ambientalista, o que está em causa é a “promoção de interesses obscuros e pouco claros”
“Não trazem mais valias ao país. São insignificantes quando comparados com aquilo que a economia da região, nomeadamente o turismo contribui para o PIB nacional”, argumentou.
O consórcio liderado pela petrolífera italiana ENI prevê iniciar a pesquisa de petróleo na bacia do Alentejo entre setembro e outubro, após uma preparação com uma duração estimada de três meses, segundo o relatório enviado à APA.
A data de início do primeiro furo de pesquisa de hidrocarbonetos em Portugal "está estimada entre o fim do terceiro trimestre e o início do quarto trimestre de 2018 e a duração das atividades de perfuração está estimada em 46 dias (incluída a mobilização)", segundo o documento.
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