“Há alguns vícios e erros que temos no país que temos de mitigar, um deles é agir com visão de mero curto prazo, a outra é visão economicista das coisas”, afirmou a deputada Heloísa Apolónia, no debate quinzenal no parlamento.
A deputada lembrou que o PEV colocou como condição para assinar a “posição conjunta” com o PS no início da legislatura o compromisso para “diminuir a área de cultura de eucalipto em Portugal” e substituí-la por espécies autóctones.
Contudo, sustentou, existem agora riscos acrescidos na expansão das monoculturas intensivas de olival e, disse, o governo PS tem “grande responsabilidade na matéria” ao invocar argumentos idênticos aos que disse terem sido utilizados pelo anterior executivo PSD/CDS-PP para investir no eucalipto.
“Que cria muito emprego e que cria uma dinamização económica grande no interior. Cuidado, senhor primeiro-ministro, a ver se daqui a uns anos não andamos todos de mãos na cabeça a dizer que temos os solos saturados, que gastámos água a mais e que devido ao uso intensivo dos pesticidas temos os solos e águas contaminados”, advertiu.
Na resposta, António Costa frisou que dos três milhões de hectares que constituem a região do Alentejo, o olival ocupa 170 mil e desses apenas 50 mil, representando 1,5% do total, “está a ser objeto de plantação intensiva”.
De qualquer forma, acrescentou Costa, apesar de os estudos do Ministério da Agricultura ter concluído que a cultura intensiva do olival não promove mais pressões ambientais do que outras culturas no Alentejo, o ministro da Agricultura ordenou ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária um estudo “mais aprofundado” para uma “avaliação comparativa” dos diversos tipos de exploração do olival.
Heloísa Apolónia chamou ainda a atenção para o facto de nas áreas ardidas em 2017 no interior do país o eucalipto estar a crescer “naturalmente e intensivamente”, uma situação que António Costa disse já ter constatado.
Quanto ao crescimento espontâneo dos eucaliptos nas áreas ardidas “e abandonadas”, António Costa disse que Heloísa Apolónia “tem muita razão” mas ironizou que a “natureza cresce por si própria” e “não acompanha o ritmo institucional” do trabalho que as autarquias estão a fazer nos respetivos planos municipais.
Aliás, sublinhou, nessa matéria “não é possível avançar” enquanto não for aprovada na Assembleia da República a legislação para alargar a todo o território nacional a “lei do cadastro simplificado” para que se possa conhecer os proprietários dos terrenos e obrigá-los a agir, já que “90% da floresta nacional é privada”.
“Temos de nos entender sobre a matéria, ou queremos intervir ou queremos fingir que intervimos”, disse.
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