"Há uma certidão que foi extraída do processo Marquês. Ou seja, o andamento de um não tem nada a ver com o andamento do outro. São processos que têm fases de desenvolvimento da respetiva investigação completamente distintas e que não se entrecruzam", afirmou a magistrada.

Na quarta-feira, a PGR confirmou a existência de um inquérito, com três arguidos constituídos, para investigar o financiamento concedido pelos bancos Montepio e Espírito Santo a um fundo para a compra de terrenos.

Fonte ligada à investigação explicou à agência Lusa que o ex-presidente do Montepio Tomás Correia foi constituído arguido num processo em que é suspeito de receber indevidamente 1,5 milhões de euros do empresário da construção civil José Guilherme.

"A Procuradoria-Geral da República confirma a existência de um inquérito no qual se investigam factos relacionados com o financiamento concedido por Montepio Geral e BES a um fundo para aquisição de terrenos", refere uma nota da PGR enviada à agência Lusa, que acrescenta que o inquérito "tem, neste momento, três arguidos constituídos".

A investigação, iniciada em 2016, teve origem numa certidão extraída da "Operação Marquês", em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é um dos arguidos.

Segundo a mesma fonte, Tomás Correia é arguido por suspeita de ter recebido ilicitamente 1,5 milhões de euros em troca de uma concessão de crédito do Montepio ao construtor da Amadora José Guilherme, num valor superior a 70 milhões de euros.

O inquérito encontra-se em Segredo de Justiça e é dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

Hoje, questionada pelos jornalistas, a PGR, que falava no final de uma visita de dois dias às comarcas de Porto leste e Viana do Castelo, disse ainda "não ter defendido a constituição de superequipas" para investigar processo mais complexos mas antes "novas metodologias de trabalho que passam pela constituição de equipas mais especializadas, com magistrados de diversas áreas quando há processos que necessitem dessas equipas".

"Não há propriamente uma constituição de superequipas, o que há é a procura de utilização de metodologias que permitam, designadamente, aos responsáveis hierárquicos do MP sempre que houver processos que seja necessário intervir desse modo constitui-las

Joana Marques Vidal sublinhou querer "afastar a ideia" de estar a defender a ideia de criação de novas estruturas.

"O que estou a defender é que o MP se auto-organize, conforme seja necessário e de acordo com cada processo concreto", revelando que a metodologia de trabalho que preconiza foi ensaiada na "Operação Marquês", no processo do BES, na investigação ao caso Fénix e nos Vistos Gold.