A intervenção naquela estrada nacional, da jurisdição da Infraestruturas de Portugal (IP), foi da responsabilidade da Comunidade Intermunicipal, no âmbito da Ecovia do Mondego, que passa naquela via, tendo sido aplicado um pavimento antiderrapante em algumas das curvas mais perigosas daquele troço que liga Penacova a Coimbra.
No entanto, após a aplicação do piso alegadamente antiderrapante começaram a surgir relatos “de que o pavimento em causa apresentava pouca aderência” e registou-se um aumento de acidentes rodoviários naquela estrada, referiu a autarquia, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Segundo a nota, a Câmara de Penacova exigiu medidas corretivas junto da CIMRC e da IP, mas os primeiros testes realizados de coeficiente de resistência indicaram “que não existia uma perda significativa de atrito”.
Posteriormente, a IP realizou novos ensaios e concluiu que o pavimento, em alguns pontos, “não cumpria as normas de segurança em vigor”.
“Face a esta comunicação, a CIMRC solicitou ao empreiteiro que implementasse de imediato sinalética de perigo de derrapagem e de redução da velocidade, o que foi realizado, e que apresentasse medidas para correção das condições do pavimento”, esclareceu a autarquia.
O vereador da Câmara de Penacova António Magalhães Cardoso disse, à agência Lusa, que recebeu pelo menos “uns sete ou oito testemunhos” de pessoas que perderam o controlo do carro nas curvas intervencionadas e contabiliza “pelo menos seis acidentes”, até agora apenas com feridos ligeiros ou danos nos automóveis, desde janeiro.
De acordo com o responsável, quer a CIMRC quer a IP estão a tentar “arranjar uma solução satisfatória” para o problema identificado, acreditando que a situação fique regularizada até agosto.
“Aquilo teria duas características, por um lado, [o piso] ao ser vermelho seria uma espécie de aviso à navegação, e, por outro, aumentava a aderência, mas esse efeito físico não funciona, porque, segundo disse o fabricante, o piso terá sido mal aplicado. Quando é aplicado, o piso deveria ter sido penteado para que umas partículas de sílica viessem à superfície, mas isso não aconteceu, até porque o material é o mesmo que foi aplicado na descida da A13 [para Coimbra] e deixou de haver acidentes nesse sítio”, aclarou António Magalhães Cardoso, salientando que as duas entidades responsáveis têm sido céleres nas respostas aos pedidos do município.
Para o vereador, o “pecado original” está na ideia de a estrada nacional 110 acolher parte da Ecovia do Mondego, onde não tem via própria, num troço já por si estreito e com curvas.
“Não achamos bem que as bicicletas andem em estradas onde andam carros. Devia haver uma alternativa. Comunicámos isso, mas o executivo [liderado pelo PSD que assumiu funções em 2021] quando o disse já a obra estava tão avançada que não poderia haver recuo”, notou o autarca.
De acordo com a nota de imprensa da Câmara de Penacova, desconhece-se se o anterior executivo (de maioria PS) “emitiu parecer sobre o assunto”, notando que na memória descritiva do projeto, em 2019, assinalava-se que “a segurança é crítica” face à coincidência da Ecovia com a estrada nacional.
“O atual executivo municipal não se revê na solução de partilha de uma ciclovia com uma estrada nacional, embora compreenda que, por razões financeiras, isso aconteça nalguns troços”, afirmou o município liderado por Álvaro Coimbra.
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