Desde o início de 2024, segundo dados facultados pela PJ até agosto e contabilizados pela Lusa desde então, são já 38 as detenções de suspeitos pelo crime de incêndio florestal, das quais 20 até agosto e 18 apenas em setembro, ou seja, quase tantas detenções nestas três semanas como nos anteriores oito meses do ano.
As 38 detenções superam já os números registados entre janeiro e setembro de 2023, quando foram detidas 35 pessoas neste contexto criminal.
Apesar de nem todas as detenções ocorridas esta semana se reportarem a incêndios florestais deflagrados neste período, vários suspeitos foram detidos por alegadamente terem ateado fogos nos últimos dias, encontrando-se neste lote ocorrências em Batalha, no distrito de Leiria, ou Albergaria-a-Velha e Cacia, ambas no distrito de Aveiro.
Já a Polícia de Segurança Pública (PSP) indicou à Lusa ter identificado 23 suspeitos de incêndio florestal (e dois detidos em flagrante delito) este ano, em 114 ilícitos registados, o que supera os 16 suspeitos identificados no ano passado, quando se registaram 153 ilícitos.
Na análise dos dados dos últimos cinco anos (2020-2024) reportados pela PSP, sobressai o ano 2022, em que se registaram os máximos de ilícitos e de suspeitos identificados: 180 e 31, respetivamente.
Comparando 2024 com os anos anteriores, o presente ano é o terceiro com mais suspeitos identificados pela PSP, mas aquele que, até ao momento, tem menos ilícitos.
A Lusa pediu igualmente os dados das detenções por suspeitas do crime de incêndio florestal à Guarda Nacional Republicana (GNR), mas não obteve resposta.
Contudo, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, divulgou na quinta-feira que a GNR teria identificado 11 suspeitos da prática deste crime, sendo inclusive detidos oito em flagrante delito nestes últimos dias.
Nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país morreram sete pessoas, embora oficialmente a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil apenas contabilize cinco, excluindo da contabilização duas pessoas que morreram de doença súbita no contexto dos fogos.
Cerca de 120 pessoas ficaram feridas, dezenas de casas foram destruídas e as autoridades cortaram estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 124 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 116 mil hectares, 93% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios dos últimos dias e hoje dia de luto nacional.
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