“Eu tenho muitas dúvidas, para não dizer certezas, se o país tem capacidade de utilizar tanto dinheiro em tão pouco tempo na modernização da sua Administração Pública”, afirmou Rui Rio, alertando que o Governo terá de consignar projetos no valor de 1,8 mil milhões de euros em apenas três anos.

“A nossa solução vai ter muito menos verba do que essa para esse efeito”, assegurou, no final de uma audiência com a APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica), na sede nacional do PSD.

Questionado sobre as linhas gerais do Plano de Recuperação e Resiliência e sobre a intenção manifestada na terça-feira pelo primeiro-ministro de apenas recorrer às subvenções europeias e não aos empréstimos, Rio recusou neste momento dizer “se para o país é melhor usar ou não usar” essa fatia de fundos europeus.

O líder social-democrata defendeu que, numa estratégia de médio e longo prazo, “Portugal tem de reduzir a sua dívida publica, ou pelo menos o peso no PIB”.

“No curto prazo, essa redução de dívida é absolutamente impossível. O Governo diz que não vai usar a componente de divida porque temos uma dívida muito alto, ambas as situações poderão ser defensáveis”, considerou o líder do PSD, dizendo que a utilização de “alguma parte da componente de dívida” poderá ser aceitável, uma vez que tem taxas “muito baixas” e um prazo de pagamento a “muitos anos”.

Rui Rio reiterou que o plano alternativo prometido pelo PSD para a recuperação do país será apresentado “nos próximos dias” - a partir de hoje está concluído e a sua apresentação depende de "uma questão de agenda” - e garantiu que “terá de certeza uma diferença de peso entre público e privado” em relação ao do Governo.

“Tenho dito há muito que aquilo que defendeo é o apoio às empresas exportadoras e ao investimento, o setor público não deixa de ser muito importante também, mas a dotação que o Governo tem para este setor é muito grande nas verbas de apoio imediato”, considerou.

Rui Rio desvalorizou os elogios feitos pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ao esboço de plano português, considerando que “é uma intervenção de caráter genérico e geral”.

“Não implica estar totalmente de acordo com os objetivos finais do Governo, que ainda não estão ditos, tal como os nossos ainda não estão ditos”, afirmou.

Questionado sobre as palavras do seu ‘vice’ Morais Sarmento - que afirmou na TVI que o PSD aprovar o próximo Orçamento “é cenário que não se coloca” -, o líder do PSD voltou a remeter a responsabilidade dessa aprovação para a esquerda, mas não se comprometeu com um ‘chumbo’ antes de ver o documento.

“O PSD tem um papel passivo até ao dia 12 de outubro, nesse dia entrará a proposta de Orçamento que muito dificilmente poderá colher o nosso apoio (…) Mas se eu não conheço o documento, como é que vou já traçar uma sentença de morte?”, questionou.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.