Horas depois, um fotógrafo da AFP testemunhou moradores a queimarem os corpos dos supostos criminosos, empilhando pneus sobre os cadáveres e ateando fogo.

Durante a madrugada, a polícia haitiana parou um camião e um micro-autocarro que transportavam membros de gangues no centro de Porto Príncipe e em Petion-Ville, área abastada nos arredores da cidade, informou à AFP Lionel Lazarre, porta-voz adjunto da Polícia Nacional Haitiana (PNH). 

Nos dois momentos, a polícia abriu fogo contra os membros dos gangues, matando dez e obrigando os restantes a fugir, acrescentou a fonte.

Contudo, agentes e grupos de autodefesa civil perseguiram os foragidos e mataram-nos.

Desde a semana passada, Porto Príncipe enfrenta vários episódios de violência por parte da "Viv Ansanm" (Viver Juntos), aliança de gangues formada em fevereiro, que conseguiu depor o então primeiro-ministro Ariel Henry.

Nas últimas horas, a aliança lançou uma intervenção contra Petion-Ville e outros bairros da região metropolitana de Porto Príncipe, como Bourdon e Canapé Vert, após um apelo feito nas redes sociais por um dos seus líderes, Jimmy Chérizier, conhecido como "Barbecue".

"Exigimos a renúncia do Conselho Presidencial de Transição (CPT). A coligação 'Viv Ansanm' utilizará todos os seus meios para garantir a saída do CPT", declarou Chérizier na segunda-feira à noite.

Esta não é a primeira vez que grupos de civis matam membros de gangues. No ano passado, vários moradores apedrejaram e queimaram vivas cerca de dez pessoas acusadas de fazer parte destes grupos criminosos.

Os gangues haitianos, bem armados e organizadao, controlam 80% de Porto Príncipe, assim como as principais estradas do país.

Há meses que os criminosos impõem um regime de terror à população civil, com assassinatos, abusos e raptos, diante da impotência da polícia.

O envio de uma força internacional reforçada pela ONU e liderada pelo Quénia não foi suficiente para conter a violência.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, “apoia firmemente os esforços da Polícia Nacional do Haiti” e da missão internacional para combater a “crescente violência” em Porto Príncipe, declarou, nesta terça-feira. em comunicado o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.