Depois das primeiras revelações do diário económico Calcalist, que levaram os tribunais a abrir uma investigação em 20 de janeiro, a polícia admitiu, na semana passada, ter usado tecnologia de espionagem informática “sem mandado”, sem mencionar, no entanto, o ‘software’ Pegasus da empresa israelita NSO.
O mesmo jornal afirma que o uso do programa Pegasus se tornou comum para recolher informações e que foi usado, sem autorização judicial, nomeadamente no telefone de Avner Netanyahu, um dos filhos do ex-primeiro-ministro, mas também nos de assessores de imprensa de Netanyahu, vários jornalistas e presidentes de câmaras municipais.
“Desde diretores de gabinetes de ministérios a jornalistas e empresários: a infeção do Pegasus afetou todos, passando por ativistas de direitos dos deficientes e dos direitos dos etíopes, a executivos de grandes empresas, presidentes de câmaras e pessoas próximas do primeiro-ministro”, refere o diário.
O primeiro-ministro, Naftali Bennett, prometeu uma “resposta” após estas novas revelações.
“Não deixaremos isto sem resposta. Os presumíveis factos são muito graves”, indicou em comunicado, considerando, no entanto, que o Pegasus é uma ferramenta “importante na luta contra o terrorismo”.
“Face às recentes publicações”, o comandante da polícia israelita, Yaakov Shabtaï, afirmou, também em comunicado, ter pedido ao ministro da Segurança Pública, Omer Bar-Lev, que abrisse uma investigação externa e independente para “restaurar a confiança do público” e “regulamentar o uso da tecnologia pela polícia”.
Na semana passada, outros meios de comunicação israelitas alegaram que a polícia era suspeita de escutar ilegalmente o telefone de uma testemunha-chave no julgamento de Benjamin Netanyahu.
O grupo israelita de segurança cibernética NSO, dono do programa Pegasus, não negou nem confirmou a venda do ‘software’ à polícia, sublinhando que “não permanece, de forma alguma envolvido, nas operações que o utilizam uma vez vendido a clientes do Governo”.
A NSO foi alvo de um escândalo político em 2021, quando investigações publicadas por um consórcio de 17 meios de comunicação internacionais alegaram que o seu ‘software’ foi usado para espiar telefones de jornalistas, políticos, incluindo chefes de Estado, ativistas e líderes de empresas em diferentes países.
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