Segundo um comunicado da Polícia Judiciária, a Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) procedeu nesta terça-feira "ao cumprimento de um Mandado de Busca domiciliária e de um Mandado de Detenção fora de flagrante delito", visando "um dos presumíveis autores da invasão online de um debate organizado pela Associação de Estudantes da Escola Secundária de Camões, no dia 18 de fevereiro de 2021, denominado 'A Influência da escravatura e o racismo institucional'".
"O detido tem 17 anos de idade e está indiciado pela prática de crimes de discriminação e de incitamento ao ódio e à violência", aponta a PJ.
Em causa está o facto do arguido ter partilhado "o link da reunião em diversos canais e redes sociais, com o objetivo de, em articulação com outros utilizadores, perturbarem o referido debate, que se estava a realizar através da plataforma Zoom com participantes maioritariamente de raça negra".
Esta ação levou a diversos outros indivíduos entrarem na reunião online, onde "publicaram fotos e gifts com conteúdos racistas e nazis, incluindo cruzes suásticas, ao mesmo tempo que imitavam sons de macacos e proferiam expressões como 'Nigger', 'Nigger go home', 'Go back to Africa'".
As motivações raciais do arguido prendem-se também com o facto de este partilhar "em diversas plataformas digitais propaganda Neonazi", assumindo-se "como defensor da 'supremacia branca' e dos Movimentos internacionais, tal como o National Partisan Movement, através da propaganda que difunde".
O caso foi noticiado pelo jornal Público, que noticiou que a direção do histórico liceu lisboeta apresentou queixa depois de a sessão ter sido atacada, de forma anónima, por mais do que uma pessoa com a introdução de imagens racistas, como imagens de suásticas ou de pessoas negras a ser violentadas, e de áudios, em inglês, nos quais eram audíveis frases como “preto volta para África” ou sons a imitar macacos, que se sobrepunham às intervenções ou aos rostos dos intervenientes.
Os mandados foram emitidos no "âmbito de um inquérito titulado pelo DIAP de Lisboa". "O suspeito, presumível autor destes crimes, será presente às autoridades judiciárias competentes, tendo em vista a aplicação das medidas de coação", termina a nota.
A 23 de fevereiro de 2021, a Procuradoria-Geral da República confirmou à agência Lusa a “instauração de inquérito na sequência de uma queixa recebida".
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