"Penso muito, por exemplo, porque é que não se liberta o Terreiro do Paço", afirmou o arquiteto à agência Lusa, idealizando para o local "um museu das descobertas, da diáspora e da língua" ou "um grande museu sobre a cultura portuguesa". A par disto, Souto de Moura admitiu que a Praça do Comércio também "pode ter lazer e pode ter hotéis".
Para o arquiteto, que falava à margem da apresentação de um empreendimento com a sua assinatura, os ministérios que se encontram naquela praça ribeirinha deveriam ser alocados a outra parte da cidade. "Porque é os ministérios não vão em frente, faziam-se dez prédios [numa outra zona] e era uma maneira de fazer uma âncora para um arranjo marginal", defendeu.
Considerando que "foi uma mais-valia abrirem-se as arcadas às esplanadas", Eduardo Souto de Moura vincou que, "ao nível do rés-do-chão, a cidade ganhou imenso". Já que "os ministérios são fechados à cidade (...), imagine-se o que não seria para cima criar numa ala um grande museu", sublinhou.
No seguimento da frente ribeirinha, o arquiteto premiado com o Pritzker em 2011, considerou também que a linha de comboios de Cascais "deveria ser enterrada, tipo metro". "É caríssimo, mas é evidente que liberta um terreno, fazia-se uma cidade linear impecável com circuitos rodoviários e ferroviários, e uma exposição única na Europa em cima da água, quer rio, quer mar", advogou.
Quanto ao que ainda falta fazer na capital a nível arquitetónico, Souto Moura é taxativo: "ainda falta muita coisa". "Há uma coisa que me faz impressão, as grandes cidades com grandes rios têm sempre os dois lados e acho que a margem do outro lado está um pouco esquecida", sublinhou, considerando que o lado sul do Tejo "tem uma vista lindíssima para Lisboa, tem um rio maravilhoso".
Eduardo Souto de Moura falava à Lusa à margem da apresentação de um empreendimento de luxo na Quinta do Paço do Lumiar. O projeto é um condomínio fechado de 17 casas-pátio, num espaço de mais de 14 mil metros quadrados.
"Eu até nem conheço, acho que não há" casas deste género na capital, referiu à Lusa.
O presidente do conselho de administração da imobiliária responsável pelo projeto apontou a importância da localização, "muito próximo do centro e do aeroporto" e "bem servido de espaços verdes".
Quanto a este tipo de empreendimento, o responsável da RAR Imobiliária considerou que "existe escassez de produto residencial para o segmento alto em Lisboa", vincando mesmo não conhecer "condomínios de moradias dentro da cidade".
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