“Pertencemos à periferia da Europa, mas a Europa é diversidade. Fortes ligações devido à preocupação e atenção que ambos dispensamos às questões de segurança e defesa”, assinalou o ministro Augusto Santos Silva em declarações conjuntas com o chefe da diplomacia de Vilnius, após um encontro no Palácio das Necessidades.
O ministro português recordou a participação de Portugal nas “Medidas de Segurança” no Báltico, sob a égide da NATO, e não esqueceu a atenção que a Lituânia também dispensa ao flanco sul da Aliança.
“Concordámos na necessidade de melhorar as nossas relações bilaterais, em particular a nível económico”, acrescentou num balanço do encontro, onde a construção europeia, as discussões em curso sobre o novo quadro financeiro plurianual e a conclusão da União económica e monetária, as questões bilaterais, para além dos temas relativos à segurança e defesa quer no quadro da União Europeia (UE) quer no quadro da NATO, estiveram em destaque.
“Portugal não pode competir com a Lituânia em basquetebol, mas pode cooperar com a Lituânia em ciência, tecnologia e economia”, assinalou Augusto Santos Silva.
Em breves declarações em inglês, língua também usada em parte do discurso pelo homólogo português, o ministro Linas Linkevicius agradeceu a colaboração de Portugal na segurança da Lituânia, destacou o turismo e os eventos científicos como alguns dos segmentos de interesse comum, e confirmou que o ‘Brexit’, as migrações e as questões de segurança foram temas em análise.
“Existem numerosos desafios que vamos enfrentar em conjunto”, precisou.
Numa referência à vizinha Rússia, o chefe da diplomacia desta ex-república soviética do Báltico, que recuperou a independência em 1991 na sequência da desagregação da URSS, destacou a importância em manter relações bilaterais, apesar de reconhecer que, atualmente, “não são muito boas” a nível oficial.
Linas Linkevicius assegurou que apesar da das sanções em vigor impostas pela UE devido à crise na Ucrânia, o turismo e as exportações para o grande vizinho estão a aumentar nas áreas não abrangidas pelas medidas retaliatórias, mas criticou o que definiu por “atitude musculada” de Moscovo face aos seus vizinhos.
“Não se verificou apenas a anexação da Crimeia, em 2008 no Cáucaso do sul, 20% do território da Geórgia também foi anexado pela Rússia”, disse.
O ministro dos Negócios Estrangeiros lituano voltou a agradecer o apoio e a posição de Portugal neste contexto, apesar de considerar que as sanções “das quais não nos orgulhamos” foram o “último recurso”, mas prognosticou uma evolução positiva no diálogo comum.
“Chegará o tempo em que vão entender que as relações com os países vizinhos não devem ser feitas em detrimento de si próprios. No futuro teremos decerto boas relações, mas não é o caso atualmente”.
Ainda numa referência a este tema crucial para o conjunto da Europa, Augusto Santos Silva relembrou, na qualidade de membros da UE e da NATO, “e também por convicção nossa”, a identificação com o que definiu por “abordagem em duplo registo”, que concretizou: “Ao mesmo tempo sermos firmes nas garantias da nossa própria segurança e apostarmos no diálogo político com a Rússia, um grande vizinho da UE”.
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