Conte, que falava no final da V Cimeira dos Países do Sul da Europa, em Nicósia, voltou a criticar a ausência de um mecanismo sistemático na União Europeia para lidar com os resgates de migrantes.

Esta nova crise demonstra “a incapacidade [da UE] para gerir este fenómeno com mecanismos europeus partilhados”, disse.

Citado pela agência italiana ANSA, Giuseppe Conte anunciou que Portugal, Alemanha, França, Malta e Roménia aceitaram repartir entre si os 47 migrantes do navio, resgatados em 19 de janeiro ao largo da Líbia.

O Governo italiano, uma coligação entre a Liga (nacionalista) e o Movimento 5 Estrelas (antissitema), tem recusado a atracagem nos seus portos de navios humanitários, com o argumento de que o resgate de migrantes estimula o tráfico de pessoas e para pressionar os outros Estados-membros a agir.

Nos últimos meses, Portugal esteve várias vezes entre os países que aceitaram acolher migrantes resgatados por organizações humanitárias.

Segundo o Ministério da Administração Interna (MAI), em 2018, Portugal acolheu 86 pessoas resgatadas por navios humanitários.

Já em 2019, e antes deste caso, Portugal ofereceu-se para receber dez pessoas de um grupo de 49 migrantes que esperaram duas semanas no mar, ao largo de Malta, por autorização para desembarcar.

No final da semana passada, o Sea Watch 3, de pavilhão holandês, foi autorizado a entrar em águas territoriais italianas, ao largo do porto de Siracusa, na Sicília, devido à degradação das condições meteorológicas.

Uma médica portuguesa a bordo do navio, Catarina Paulo, descreveu hoje à Lusa uma espera “insustentável” e “indigna” em que todos, migrantes e voluntários, estão “a chegar ao limite”.