João Gomes Cravinho falava na abertura do colóquio “Portugal e a NATO – 70.º Aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte”, que decorreu na Assembleia da República, em Lisboa.
O ministro aproveitou a ocasião para elencar “três desafios que se colocam à aliança no seu futuro mais imediato, e nos quais Portugal está particularmente empenhado”, entre os quais atualizar o Conceito Estratégico da NATO ou “assegurar a coerência e a complementaridade entre a NATO e a Defesa Europeia”.
“Portugal só tem um conjunto de Forças Armadas e não está disponível para duplicar esforços, não seria realista”, destacou, acrescentando que “estão a ser dados passos importantes no sentido de aproximar as duas instituições ao nível estratégico e ao nível operacional, e isso é muito bem-vindo”.
Outro dos desafios passa pelo “reforço da postura marítima da NATO e da centralidade do Atlântico”, tendo Gomes Cravinho assinalado ser importante que esta aliança “mantenha uma estratégia atualizada e capacidades operacionais relevantes para proteger os espaços marítimos que circundam os seus membros” e assegure também a “segurança do coração da comunidade euro-atlântica”, o Oceano Atlântico.
O ministro da Defesa Nacional salientou que, “quer a NATO, quer a União Europeia desenvolveram estratégias marítimas e a Aliança Atlântica, em particular, está atenta à importância de melhorar as suas capacidades de controlo e de proteção deste eixo vital”.
“A capacidade de os parceiros norte-americanos prestarem auxílio aos aliados europeus e vice-versa depende da liberdade de circulação neste espaço marítimo, incluindo a salvaguarda dos vitais cabos de comunicação que atravessam o Atlântico”, sublinhou, notando que “a interrupção destes eixos de ligação entre os dois continentes colocaria irremediavelmente em causa” o artigo do Tratado do Atlântico Norte “no qual a defesa coletiva da Aliança assenta”.
Assim, adiantou João Gomes Cravinho, “Portugal está particularmente interessado e disponível para reforçar a capacidade marítima da Aliança, nomeadamente a sua capacidade submarina”, mostrando-se convicto de que o país poderá “reforçar a importância” deste contributo “no futuro próximo”.
“Com as responsabilidades extensas que Portugal assume na sua área de responsabilidade operacional e com a possível extensão da sua plataforma continental, é do nosso interesse ter capacidades que garantam o efetivo exercício da nossa soberania no mar”, apontou o governante.
No ano em que se cumpre o 70.º aniversário da NATO, o ministro da Defesa apontou que a coesão interna da organização “pode estar em causa face à progressão de movimentos, e mesmo governos populistas e de natureza extremista, tornando-se urgente reforçar a comunidade de ‘atlantistas’, através da intensificação do diálogo e dos intercâmbios que reforçam o conhecimento mútuo”.
Na ótica de João Gomes Cravinho, “igualmente importante é a credibilidade da solidariedade transatlântica e da capacidade de a NATO exercer essa solidariedade”, tendo o responsável vincado que “a segurança de Portugal, como a de quase todos os restantes membros, não pode ser garantida de forma credível sem o apoio da Aliança no seu conjunto”.
Dizendo ser “liminarmente contra os discursos alarmistas que justificam os investimentos na defesa com base nos argumentos do medo”, o ministro defendeu que “as dinâmicas internacionais hoje são novas e de contornos muito difíceis de prever”, e que, por isso, os países não podem “ser complacentes”.
“A natureza das ameaças que podem afetar a nossa segurança e dos nossos aliados está a mudar rapidamente, como está a mudar também o contexto internacional em que a nossa segurança se define. Não atualizar, não modernizar, não inovar, quer ao nível doutrinal, quer ao nível tecnológico e operacional, seriam erros estratégicos da maior gravidade”, advogou.
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