“A melhor maneira que ele tem de servir os interesses de Portugal é servir os interesses das Nações Unidas. Nós não queremos favores do secretário-geral das Nações Unidas, nós queremos que o secretário-geral das Nações Unidas lidere aquela que é a grande organização multilateral do nosso tempo”, disse Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, no final da primeira declaração de António Guterres depois de ser formalmente recomendado para a liderança da ONU pelo Conselho de Segurança.

“É uma vitória para Portugal, mas é, sobretudo, uma grande vitória para as Nações Unidas”, reiterou o chefe da diplomacia portuguesa, adiantando que o Estado português se fará representar na Assembleia-geral – ainda sem data marcada – que deverá confirmar António Guterres no cargo de forma “condizente” com o momento.

Assinalando o facto de António Guterres ter falado em português – uma das quatro línguas que utilizou (inglês, francês e espanhol foram as outras) –, Augusto Santos Silva realçou, porém, que “não depende do secretário-geral das Nações Unidas” convencer a comunidade internacional a incluir o português entre as línguas oficiais das Nações Unidas, como é o caso das outras três referidas.

“Depende de Portugal continuar a fazer um trabalho, que já hoje torna o português língua de trabalho em várias das agências das Nações Unidas e que há de tornar, mais ano, menos ano, o português numa das então sete línguas oficiais”, acredita.

Santos Silva escusou-se a traçar prioridades para o mandato do próximo secretário-geral, mas referiu que António Guterres se concentrará nos três pilares das Nações Unidas: desenvolvimento, paz e segurança e direitos humanos.

De resto, o “amigo e admirador” de Guterres espera que seja “ele próprio” e lidere a organização “com gratidão, com humildade, com muito empenhamento” e “com um conhecimento muito profundo das coisas”.

Reconhecendo estar “mais emocionado que o próprio António Guterres”, Santos Silva destacou a sua capacidade “de ser o porta-voz global, um porta-voz das várias regiões que compõem o mundo” e deixou uma certeza: “O António Guterres vai ser secretário-geral.”