"O próximo ano vai trazer-nos um novo desafio, que é a segunda onda de solidariedade", disse à Lusa Eduardo Cabrita, que participou na sessão de encerramento da Assembleia Geral da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), na Universidade Católica, em Lisboa, quando se assinala o primeiro ano de atividade desta organização.

O governante assinalou que "nos próximos meses vai haver um aumento muito significativo do número de refugiados oriundos da Grécia e de Itália", vincando que, "nestes tempos difíceis, Portugal deve posicionar-se na primeira linha de uma Europa solidária".

De resto, em jeito de balanço do primeiro ano de atividade da PAR, Eduardo Cabrita destacou "a forma notável como Portugal tem lidado com a crise dos refugiados", considerando que o país se tornou mesmo uma "referência global" neste campo.

"Estamos a receber refugiados em números muito mais significativos e temos de nos preparar para receber mais refugiados em 2017", afirmou o ministro, realçando que os cerca de 1.300 refugiados que já chegaram a Portugal estão atualmente espalhados por 76 municípios.

Eduardo Cabrita realçou também que "faltam poucos meses para Portugal receber o papa Francisco", recordando que o sumo pontífice da Igreja Católica apelou recentemente para que "cada paróquia acolha uma família" de refugiados, e dizendo que ainda hoje o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, que também participou no evento da PAR, se mostrou solidário com esta causa.

"A partir de agora e até maio temos de mostrar a nossa vontade de acolher", desafiou o governante.

Eduardo Cabrita lançou ainda as prioridades do Governo para o próximo ano relativamente ao acolhimento de refugiados.

"Temos de apostar numa boa integração, com base no ensino da língua portuguesa, na formação profissional - reconhecendo as qualificações já existentes - e na integração no mercado de trabalho", sublinhou.

Hoje, o presidente da PAR, Rui Marques, alertou que a capacidade de acolhimento da plataforma vai esgotar até ao final do ano e apelou para que mais instituições anfitriãs se ofereçam com vista a duplicar a oferta.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da plataforma adiantou à Lusa que, depois de um ano de trabalho muito positivo, há ainda muitos desafios pela frente.

"Dentro de um mês, aproximadamente, pelos nossos cálculos, a capacidade da PAR estará esgotada", revelou Rui Marques, apontando que a PAR "precisa aumentar a sua capacidade de acolhimento, procurando incentivar e mobilizar mais pessoas e instituições para acolher e integrar refugiados".

A PAR segue já com um ano de funcionamento, tendo por base uma rede de colaboração entre 350 instituições da sociedade civil, incluindo não só instituições do setor social, mas também empresas, fundações, universidades ou municípios.

De acordo com Rui Marques, através do programa PAR Famílias, definido especificamente para acolher famílias de refugiados em Portugal, foram envolvidas 104 instituições anfitriãs, com capacidade para acolher 135 agregados familiares, o que se traduz em cerca de 700 pessoas refugiadas.