Esta segunda-feira, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) voltou a divulgar a lista com a distribuição dos casos confirmados por concelho, para além do boletim diário contendo o número de infetados, recuperados, óbitos e hospitalizados nas últimas 24h.

A partir dessa lista, é possível perceber que o concelho com maior número de infetados por cada 100 mil habitantes é Paços de Ferreira (3.698), seguido de Lousada (3.362 infetados) e de Vizela (2.653 infetados). Mas estes não são os únicos concelhos pintados a vermelho no mapa de Portugal (risco elevado de transmissão da infeção), refletindo a taxa de novos casos acumulados a 14 dias por 100 mil habitantes.

Estes dados ontem divulgados são referentes ao período de 28 de outubro a 10 de novembro e mostram que há 90 concelhos com mais do dobro da taxa que implica recolher obrigatório, que é de acima de 240 novos casos de Covid-19.

  • Na ARS Norte (Administração Regional de Saúde), os concelhos de Paços de Ferreira (3.698), Lousada (3.362) e Vizela (2.653) são então os com maior incidência cumulativa a 14 dias por por 100 mil habitantes.
  • Na ARS Centro são Manteigas (2.627), Belmonte (1.766) e Cinfães (1.299).
  • Na ARS Lisboa e Vale do Tejo, os concelhos com maior incidência cumulativa a 14 dias por por 100 mil habitantes são Setúbal (592), seguido de Lisboa (576) e Cascais (549).
  • Na ARS Alentejo são Vila Viçosa (901), Redondo (803) e Monforte (672).
  • Na ARS Algarve são Vila do Bispo (466), Faro (349) e São Brás de Alportel (326) os concelhos com maior incidência cumulativa a 14 dias por por 100 mil habitantes

São ainda 27 os concelhos que estão acima do limiar dos 1000 casos, ou seja, quatro vezes mais do que o patamar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, em inglês) como de risco elevado de transmissão (240). A maioria encontra-se na região Norte, sendo que entre eles figuram, para além dos já acima referidos, Guimarães (1886), Fafe (1787), Freixo de Espada à Cinta (1546), Penafiel (2055) e Paredes (2132)

Na habitual conferência de imprensa da DGS, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sublinhou que Portugal se encontra na décima posição neste mapa de países considerados pelo ECDC, que, contabiliza para além dos Estados-membros, também o Reino Unido, a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein.

Esta segunda-feira, Portugal surgia com uma incidência cumulativa de 710 casos. Acima do nosso país, surgiam o Luxemburgo, República Checa, Áustria, França, Croácia, Eslovénia, Polónia, Itália e Bélgica, escreve o jornal Público. Assim, nas últimas duas semanas, a situação portuguesa é pior do que a de Espanha e está perto da de Itália.

Na conferência de imprensa da DGS de ontem, o diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, André Peralta Santos, relembrou que a "região Norte é a que tem uma incidência mais alta". Olhando para o mapa dos concelhos, confirma-se que a maior parte dos 27 concelhos que estão acima do limiar dos mil está na região Norte.

Para Teresa Leão, investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade Porto (ISPUP), "é interessante que a população conheça a intensidade da transmissão no concelho em que vive, porque pode ainda adotar mais precauções, como ficar em casa ou reduzir os contactos". Mas, por outro lado, "também pode trazer uma falsa sensação de segurança às pessoas que residem em concelhos com menor incidência cumulativa”, diz ao Público.

A médica de saúde pública propõe que, em vez de se avaliar os concelhos apenas através da incidência cumulativa, se tenha em conta o índice de transmissibilidade (Rt), que permite perceber a evolução da situação. Isto porque se o indicador da incidência for considerado isoladamente "poderá provocar algum receio e agitação na população, que se pode sentir incomodada por ser rotulada como de alto risco”.