De acordo com os dados finais do Vacinómetro 2021/2022, o estudo que acompanha o ritmo da vacinação contra a gripe da população incluída nesta vacinação, terão sido imunizadas 83,4% das pessoas portadores de doença crónica e 64,4% dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes.
Os dados finais do Vacinómetro, que é promovido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), com o apoio da empresa biofarmacêutica Sanofi Pasteur, indicam ainda que foram vacinados 53,3% dos portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos e cerca de 60,2% das grávidas.
Os resultados hoje divulgados indicam ainda que o grupo das grávidas “tem registado um consistente aumento na cobertura vacinal desde a sua inclusão no regime de disponibilização gratuita da vacina, na época de 2020/2021”, altura em que a cobertura vacinal passou para 53,6% (era 23,5% em 2019/2020).
Os responsáveis pelo Vacinómetro salientam ainda o crescimento da vacinação no grupo dos 60 aos 64 anos de idade, desde a última fase do estudo (14 a 20 de dezembro de 2021), com um valor que passou de cerca de 38,7% para 53,3%, coincidindo também com a inclusão deste grupo na gratuitidade da vacina a 15 de Dezembro de 2021.
Das pessoas com 65 ou mais anos de idade, terão sido vacinadas pela primeira vez 8,5%, o mesmo acontecendo em 25,7% dos casos das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade, 8,1% dos doentes crónicos e 10,5% dos profissionais de saúde.
“Os dados finais da época gripal 2021/2022 deixam-nos satisfeitos por termos não só cumprido (pelo terceiro ano consecutivo) como ultrapassado largamente a meta da OMS para a cobertura vacinal das pessoas a partir dos 65 anos de idade, garantindo assim a sua proteção contra a gripe e para além da gripe, uma vez que esta infeção aumenta o risco de enfarte agudo do miocárdio e de AVC”, destaca Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), citado em comunicado.
Na mesma nota, o responsável sublinha o aumento da vacinação nas pessoas com doença crónica, “que são um grupo de risco para infeções virais como a gripe, uma vez que podem ver a sua doença crónica descontrolada ou agudizada”, bem como no grupo dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes, “algo muito importante desde sempre, mas ainda mais durante a pandemia de Covid-19”, disse.
Também citado em comunicado, o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), António Morais, considerou “excelentes” os valores atingidos nesta época gripal, frisando “a clara redução do número de hospitalizações por gripe”.
“Revelam que compensou o esforço extra da Direção-Geral da Saúde e do Ministério da Saúde para alargar a cobertura vacinal, bem como a coordenação da vacinação conjunta contra a gripe e a covid-19”, disse.
O responsável defende que se devem retirar daqui “aprendizagens para a próxima época gripal”, considerando que esta vai exigir “uma cobertura vacinal igual ou superior”, pois “nas últimas duas épocas o registo de casos de gripe foi residual devido às medidas implementadas para fazer face à pandemia da covid-19, o que permite antever uma maior atividade na época 2022/2023”.
Nos dois grupos de doentes crónicos analisados, 89% das pessoas com diabetes terão sido vacinadas, 5% das quais pela primeira vez, e 84,2% das pessoas com doenças cardiovasculares terão também recebido a vacina da gripe, 10,7% pela primeira vez.
Quanto às motivações para a vacinação contra a gripe, da população incluída nas recomendações da Direção-Geral da Saúde, a maioria vacinou-se por recomendação do médico – 66,9% das pessoas com 65 anos ou mais; 65,8% dos doentes crónicos; 43,7% das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade e 63,7% das grávidas.
A segunda motivação mais apontada foi a iniciativa própria, para estar protegido, o que aconteceu em 26,5% das pessoas com 65 ou mais anos de idade, 21,7% dos doentes crónicos, 39,6% das pessoas entre os 60 e os 64 anos, 19,8% das grávidas e 11,6% dos profissionais de saúde.
O contexto de uma iniciativa laboral foi a razão apontada para a vacinação de 82% dos profissionais de saúde.
A campanha de vacinação deste ano decorreu por ordem decrescente de idades, através de convocatória por SMS para a administração em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a covid-19, ou apenas para a vacina contra a gripe (se não fossem elegíveis para a covid-19), o que, segundo os promotores do Vacinómetro, “aliado a outras iniciativas, poderá ter contribuído para um aumento da cobertura vacinal e prevenção de complicações para além da gripe”.
De acordo com as recomendações da Direção-Geral da Saúde, a vacina contra a gripe pode ser administrada durante todo o outono/inverno, de preferência até ao final do ano civil.
A norma da DGS, atualizada no passado mês de dezembro, indica que a vacinação contra a gripe “é fortemente recomendada para os grupos prioritários”, que incluem as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, grávidas, doentes com seis ou mais meses de idade com patologias crónicas ou condições como diabetes, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), doença cardiovascular, doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória, trissomia 21 e doentes com seis ou mais meses de idade imunodeprimidos por via farmacológica ou patológica.
A 15 de dezembro foi igualmente incluída a vacinação gratuita da população dos 60 aos 64 anos de idade.
A vacinação abrange ainda alguns contextos definidos pela DGS, como os residentes em lares e instituições residenciais e/ou de acolhimento, doentes em cuidados continuados, doentes internados com patologia crónica e/ou condição para a qual se recomenda a vacina e reclusos em estabelecimentos prisionais, além dos profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
O Vacinómetro, lançado em 2009, permite monitorizar, em tempo real, a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela DGS.
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