De acordo com o estudo “Os valores dos portugueses”, conduzido pelos investigadores Alice Ramos e Pedro Magalhães, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, os portugueses rejeitam cada vez menos a ideia de um líder autoritário, que não tenha não seja escolhido por voto popular nem tenha de prestar contas ao parlamento. Esta disponibilidade, porém, colide com uma avaliação crescentemente positiva da democracia, escreve o jornal Expresso.

Em 1999, 50% dos portugueses rejeitava a autocracia. Já em 2008, cerca de 41% dos portugueses recusavam a ideia de ser governados por um líder autoritário. Em 2020 essa percentagem caiu para 37%.

Assim, 63% dos portugueses mostram-se disponíveis para aceitar um "líder forte que não se preocupa com o parlamento ou eleições".

Isto coloca Portugal mais próximo de países como a Arménia e mais longe de nações como a Islândia, Noruega, Finlândia ou Áustria, onde mais de 80% da população recusa este cenário.

No entanto, em Portugal, quase nove em cada pessoas afirma que ter um sistema político democrático é uma maneira boa ou mesmo muito boa de governar o país.

O que explica este desfasamento entre a disponibilidade para ser governado de forma autocrática e uma avaliação positiva da democracia? Os investigadores dizem que uma definição imperfeita de democracia entre os inquiridos pode ajudar a explicar isso.

As conclusões deste estudo tiveram por base 1215 entrevistas, realizadas entre 11 de janeiro e 31 de março de 2020.