“Devemos estar preparados para eventualidades decorrentes do fenómeno El Niño, que influencia o clima provocando fenómenos climatéricos adversos”, disse o chefe de Estado em Inhambane, sul de Moçambique, durante o lançamento da campanha agrícola 2023/2024.

Segundo Filipe Nyusi, o fenómeno meteorológico poderá causar escassez de chuva nas zonas sul e centro de Moçambique, “com impacto significativo na agricultura”.

Os serviços meteorológicos moçambicanos avisaram, em junho, que o país deve preparar-se para a seca nas regiões centro e sul, a par de chuvas acima do normal no norte com a formação do fenómeno natural El Niño.

O climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) Bernardino Nhantumbo recordou, em entrevista à Lusa, que Moçambique foi atingido com intensidade pelo El Niño entre 2018 e 2019, seguindo-se depois o período La Niña, com condições inversas, que provocou chuvas acima do normal em todo o território nacional.

Na ocasião, o Presidente de Moçambique avançou ainda que o país alcançou um volume de produção global de cerca de 388 mil milhões de meticais (cinco mil milhões de euros) na campanha agrária 2022/2023, prevendo-se um aumento para o período de 2023/2024.

“Este crescimento foi impulsionado pelo crescimento do milho, que atingiu 2,8 milhões de toneladas, e do arroz, que atingiu 256 mil toneladas”, referiu Nyusi.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre deste ano, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.