Os 100 jurados pré-selecionados, e dos quais sairão os oito jurados finais (quatro efetivos e quatro suplentes), foram sorteados dos cadernos eleitorais dos municípios da Comarca de Lisboa Norte, a qual contempla 10 concelhos que têm 582.588 eleitores: Vila Franca de Xira, Loures, Odivelas, Cadaval, Azambuja, Torres Vedras, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Lourinhã e Sobral de Monte Agraço.
O Ministério Público (MP) pediu na acusação que os arguidos sejam julgados por um tribunal de júri (além de três juízes, são escolhidos/nomeados quatro cidadãos), que irá decidir em julgamento se os arguidos são culpados e quais as penas a aplicar.
O sorteio aleatório da pré-seleção desta centena de jurados, que durou cerca de cinco minutos, decorreu numa sala de audiências do Tribunal de Loures através de uma aplicação eletrónica. De seguida, duas oficiais de justiça diziam em voz alta o número do eleitor sorteado, identificavam o cidadão em causa nos cadernos eleitorais, indicavam o seu nome e o concelho ao qual pertence, procedimento que demorou mais de uma hora, com um intervalo de cerca de 40 minutos.
Hoje foram pré-selecionados 51 homens e 49 mulheres (100), que serão depois reduzidos a 18, os quais, por sua vez, serão entrevistados pelo tribunal até que fiquem os oito jurados finais (quatro efetivos e quatro suplentes).
Na diligência da tarde de hoje, que foi pública, razão pela qual os jornalistas puderam assistir, estiveram presentes a presidente do coletivo de juízes, Ana Clara Baptista, um procurador do MP e os advogados dos arguidos.
O início do julgamento de Rosa Grilo e de António Joaquim está agendado para as 09:15 de 10 de setembro no Tribunal de Loures, segundo um despacho judicial da presidente do coletivo de juízes, Ana Clara Baptista, a que a agência Lusa teve acesso.
Ricardo Serrano Vieira, advogado de António Joaquim, já referiu que o seu constituinte vai falar em julgamento, enquanto a advogada Tânia Reis reiterou hoje ainda não saber se a sua cliente irá prestar declarações.
O MP atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre Luís Grilo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia no quarto de hóspedes na casa do casal, na localidade de Cachoeiras, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa), para assim poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500.000 euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
O despacho de acusação do MP, divulgado pela Lusa em 26 de março, conta que em 15 de julho de 2018, os dois arguidos, de 43 anos, após trocarem 22 mensagens escritas em três minutos, “combinando os últimos detalhes relativo ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo”, acordaram desligar os respetivos telemóveis.
Numa hora não apurada, mas entre essa noite e a manhã do dia seguinte, “em execução do plano comum que já haviam acordado há, pelo menos, sete semanas”, António Joaquim, na posse de uma arma de fogo municiada, dirigiu-se à casa onde residiam Luís Grilo e Rosa Grilo.
A acusação relata que o arguido entrou na residência “com o conhecimento” da arguida e que ambos se dirigiram ao quarto dos hóspedes, localizado no primeiro andar, onde se encontrava Luís Grilo a dormir.
No dia após a morte do triatleta, António Joaquim começou a frequentar a casa de Rosa Grilo, “não obstante estarem em curso diligências tendentes à localização do paradeiro de Luís Grilo por familiares, amigos e autoridades policiais”, segundo a acusação.
O corpo foi encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição, mais de um mês após o desaparecimento, a cerca de 160 quilómetros da sua casa, na zona de Benavila, concelho de Avis, distrito de Portalegre.
O MP, em representação do filho menor de Rosa Grilo e do triatleta, apresentou um pedido de indemnização civil de 100 mil euros contra a arguida e António Joaquim.
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