Na carta, partilhada nas redes socais do antigo chefe de Estado, Lula diz estar feliz pelo prémio atribuído na terça-feira ao artista e escritor brasileiro, frisando que o motivo da felicidade foi maior ao ver que a TV Globo tinha dado destaque a Chico Buarque.
“Fiquei feliz pelo prémio, mas muito mais feliz porque a [TV] Globo teve que colocar você no ar em horário nobre, pela primeira vez vi a sua cara na Globo”, escreveu o histórico líder do Partido dos Trabalhadores.
Em retribuição, Chico Buarque e a sua namorada, Carol Proner, enviaram a Lula da Silva uma fotografia dos dois fazendo o gesto da letra "L", símbolo do lema “Lula Livre”, de acordo com a imprensa local.
Alinhado à esquerda do espetro político, o músico e escritor tem sido uma voz ativa do apoio à libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre pena em regime fechado, na sede da Polícia Federal em Curitiba, por corrupção passiva e branqueamento de capitais.
“Estamos todos juntos pela liberdade de Lula. É o mínimo que podemos exigir numa democracia diante do descalabro que foi o seu processo de condenação por magistrados que não têm isenção para julgar e por falta absoluta de provas. É uma vergonha para o Brasil”, disse Chico Buarque à imprensa, no mês passado.
“A defesa da libertação do Presidente Lula é a defesa da democracia, as duas coisas se confundem. Enquanto tivermos Lula como preso político, que é o caso, nós não somos uma legítima democracia”, acrescentou o músico e escritor, num ato a favor da libertação do ex-chefe de Estado.
Se por um lado Chico Buarque apoia Lula da Silva, por outro tem-se mostrado um forte crítico do novo Governo brasileiro, liderado por Jair Bolsonaro.
Em janeiro passado, sobre o executivo do Presidente Bolsonaro, o vencedor do Prémio Camões 2019 disse que, “com esses ministros, é preferível que Cultura não tenha ministério”, referindo-se à extinção daquela entidade, que foi diminuída para Secretaria Especial.
O atual governante brasileiro ainda não se posicionou publicamente acerca desta vitória do prémio literário atribuído a Chico Buarque, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".
O prémio, no valor de cem mil euros, é financiado em partes iguais, pelos governos de Portugal e do Brasil.
O músico e escritor Chico Buarque foi o vencedor do Prémio Camões 2019, anunciado na terça-feira, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.
Chico Buarque fora já distinguido com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelos romances “Estorvo”, em 1992, por "Budapeste", em 2004, e por "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura (atual Prémio Oceanos).
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, professores universitários indicados pelo Ministério português da Cultura, pelo ensaísta Antonio Cícero Correia Lima e pelo professor António Carlos Hohlfeldt, do Brasil, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane.
O Prémio Camões foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.
Comentários