Nos esclarecimentos que prestou no âmbito da 8.ª reunião do Grupo Especializado de Controlo Parlamentar Conjunto da Europol, integrada na dimensão parlamentar da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), Catherine De Bolle preveniu que “é de esperar que novos tipos de esquemas fraudulentos, incluindo sobre os pacotes de recuperação económica da crise, proliferem”.

Os criminosos – concretizou – adaptaram-se à “narrativa da covid”, explorando o contexto atual.

“A maior ameaça está à nossa frente, a situação económica volátil, com o aumento da pobreza e das desigualdade sociais, será terreno fértil para o crime organizado, nomeadamente o tráfico de seres humanos e de migrantes, e também para o crime financeiro”, abrindo caminho a abusos relacionados com os planos de recuperação económica em marcha, explanou.

“Os criminosos são muito flexíveis, adaptam-se facilmente. (...) A crise reforça as organizações criminosas”, insistiu.

“A covid-19 deixará um legado de efeitos duradouros na paisagem criminal da União Europeia. A Europol e as outras organizações de aplicação da lei têm de estar prontas para o desafio”, alertou, na reunião com parlamentares europeus e nacionais, que decorreu por videoconferência.

A diretora-executiva referiu que a Europol elaborou, desde o início da pandemia, em março do ano passado, 33 relatórios sobre o impacto da covid-19, estando o próximo previsto para o final deste mês.

Entre os destaques de criminalidade estão a contrafação de bens e o cibercrime, nomeadamente ataques de ‘phishing’ (tentativa de obtenção ilícita de dados) e outros tipos de pirataria, e a produção e distribuição de material de abuso sexual de menores, que “continua a ser uma preocupação” e que demonstra como é fundamental uma cooperação com entidades privadas, como as multinacionais da internet, contida na proposta da Comissão Europeia para a revisão e o reforço do mandato da Europol, apresentada em dezembro.

“A distribuição da vacina constitui uma oportunidade para falsificadores”, frisou, adiantando que a Europol já identificou “alguns crimes de vacinas falsas na ‘dark web’ [servidores de rede inalcançáveis, geralmente utilizados para fins obscuros e ilegais]” e também “testes falsos para fins de viagem”.

Catherine De Bolle disse estar consciente da necessidade de a Europol reforçar o apoio aos Estados-membros no que respeita a investigações transfronteiriças e ao crime financeiro, concretamente sobre os potenciais abusos relativos aos programas de recuperação económica da UE.

“A pandemia levou-nos a repensar a forma como trabalhamos, mas adaptámo-nos rapidamente à crise”, sublinhou.

A 8.ª reunião do Grupo Especializado de Controlo Parlamentar Conjunto da Europol, co-organizada pela Assembleia da República e pelo Parlamento Europeu, começou na segunda-feira e terminou hoje.

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