“Já tínhamos algumas suspeitas em relação a algumas manifestações e à forma como eram organizadas e vamos expor este caso à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e à Polícia de Segurança Pública (PSP). No caso da manifestação de Serpa, temos a informação de que quem pediu [autorização] e organizou a manifestação se chama Alberto Manuel da Cunha Matos, nomeado funcionário do grupo parlamentar do BE em novembro de 2019”, acusou André Ventura.
No domingo, 10 de dezembro, primeiro dia oficial de campanha, a caravana do deputado único do partido da extrema-direita parlamentar foi alvo do primeiro de vários protestos contra o seu discurso radical sobre as minorias, na ocasião por parte de cidadãos portugueses de etnia cigana e ativistas antifascistas (“antifas”).
“Temos encontrado viaturas próximas do sítio onde ficamos – hotéis e em eventos nossos. Isto foi à porta de um hotel em Viseu. [O registo automóvel da] carrinha que estava à porta está em nome do BE. Andou atrás de nós, será um caso de espionagem ou coação... Estamos perante um caso de, pelo menos, perseguição”, continuou o líder nacional-populista.
Ventura exibiu então aos jornalistas uma fotografia da carrinha de produção da campanha da bloquista Marisa Matias que costuma andar sempre à frente da caravana da candidata para vistoriar e preparar os locais de ações de propaganda, designadamente o equipamento de som.
Na sexta-feira, 15 de janeiro, André Ventura celebrou o seu 38.º aniversário num jantar/comício num hotel da cidade de Viriato, com cerca de 60 pessoas, e muita animação musical. Marisa Matias esteve em campanha na mesma cidade no dia seguinte, sábado.
Questionado insistentemente pelos jornalistas sobre provas das acusações, ainda sobre o protesto de Serpa, o concorrente a chefe de Estado limitou-se a dizer que “não se tratou de uma manifestação espontânea”, mas sim um protesto com “o dedo do BE”.
“Eu não sei se é o BE que está por trás disto, se é a candidata Marisa Matias, mas penso que tem de ser dada uma explicação. Eu não quero acusar ninguém de espionagem, mas é o que parece. É estranho estar sempre atrás de nós. Já tinha estado num evento antes, voltámos a ver esta viatura na Guarda e, em Viseu, conseguimos tirar a foto”, disse.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.
Há outros seis candidatos: o incumbente Marcelo (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e "Os Verdes"), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva ("Tino de Rans", presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar).
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