No último dia de campanha na sua sede - "a rua" - antes de ir para casa devido ao confinamento, Vitorino Silva deslocou-se até à mais antiga associação de estudantes do país, onde repetiu algumas das alegorias e histórias que tem contado, deixando ainda a promessa de lutar pelas causas dos mais jovens.

"Ó jovens venham para a minha beira. Venham aqui para vos dizer algo importante", disse o candidato, dirigindo-se aos membros da direção-geral da AAC que lhe faziam a visita guiada ao edifício, contando-lhes que quando a sua filha anunciou que ia para Erasmus a mãe de Vitorino perguntou: "Que raio de país é esse?".

O programa de mobilidade Erasmus "é o país da partilha e do conhecimento", frisou o dirigente do partido RIR (Reagir Incluir Reciclar), salientando que "aquele país" que a sua mãe desconhecia "é o melhor país do mundo, porque não tem muros".

Um muro que Vitorino Silva promete lutar para que seja derrubado é o das propinas.

"Vou-me bater pelas propinas. Há muitos pais sem condições para pôr os filhos a estudar. Se o país não os prepara está-lhes a pôr um muro à frente. Há muita gente que não estuda porque vê um muro à frente, que é o muro das propinas", afirmou o candidato aos jornalistas.

Durante a visita, Vitorino Silva reuniu-se com os dirigentes estudantis, onde acabou por falar mais do que ouvir os problemas que estes tinham enumerado, tendo concordado com a proposta da representação dos jovens no Conselho de Estado.

Se a AAC defende pelo menos um jovem neste órgão, o candidato quer pelo menos "dois ou três".

"Se temos sete ou oito com mais de 80 porque não podemos ter dois ou três de 30 ou 35 anos para baixo? Não é uns comerem na mesa e outros na manta", apontou.

"Os políticos têm muito a aprender com os jovens", notou Vitorino Silva, considerando que o Conselho de Estado, neste momento, são os "velhos do Restelo", sendo também importante "ter lá os novos do Restelo".

Na interação com os estudantes, o candidato vincou ainda que respeita a decisão do Tribunal Constitucional em relação aos partidos que são legalizados, mas frisa que se for Presidente da República será como uma espécie de polícia atento aos partidos que passarem "o vermelho" e pronto para lhes tirar "a carta".

Durante a visita, alongada por todas as interações que ia tendo - "é grão a grão, voto a voto", explicou -, Vitorino Silva deixou-se "arrepiar" pelas imagens da crise académica de 1969, recebeu uma capa típica dos estudantes e ainda uma camisola da Académica, que aproveitou para vestir, referindo que era "a nova contratação dos estudantes portugueses", pouco antes de distribuir o seu livro "A.. Corda pr'á Vida" a todos os dirigentes da AAC, devidamente autografado.

No final, ficou ainda a promessa de apresentar ali o segundo número do seu jornal "Há Pressa", lançado há dez anos.

"Posso lançar aqui? Abre-me a porta? Então, siga", disse.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).