Numa comunicação ao país divulgada pela televisão pública de Angola, João Lourenço reconheceu os efeitos negativos da situação para a vida das pessoas e das empresas, mas alertou para a necessidade de manter as medidas.

Desde o dia 21 de março, data em que foi conhecido o primeiro caso no país, “os angolanos tiveram de consentir enormes sacrifícios e ficar sujeitos a grandes restrições” nas suas vidas, efeitos que atingiram também as empresas, a indústria e o comércio, reconheceu o chefe do Estado.

Passados 45 dias do anúncio e com 43 casos positivos em Angola, números que, segundo João Lourenço, parecem refletir “uma tendência de contenção da progressão da pandemia”, a doença continua a preocupar

“Se tivermos em conta que temos 16 casos de transmissão local (?) corremos sérios riscos de evoluirmos para transmissão comunitária se afrouxarmos agora as medidas até agora impostas pelo estado de emergência até aqui em vigor”, sublinhou.

João Lourenço garantiu que o executivo vai continuar a disponibilizar recursos para equipar os centros de tratamento, construir hospitais de campanha, instalar mais laboratórios de testagem, aumentar disponibilidade de ventiladores e materiais de biossegurança e aumentar formação especifica de pessoal medico e paramédico que “todos os dias enfrentam o perigo de se expor perante aqueles cujas vidas estejam ameaçadas pelo vírus”.

O presidente angolano deixou “votos de encorajamento e agradecimento” para “todos os heróis desta verdadeira guerra”, incluindo os profissionais de saúde, forças de segurança, jornalistas, figuras públicas, igrejas e o “cidadão angolano que abdicou de uma vida normal pela defesa da vida de todos os outros seres humanos”.

O chefe de Estado terminou a comunicação ao país, reiterando os apelos para ficar em casa, lavar as mãos, manter a distância social e usar mascara: “se fizermos isso ganhamos a guerra e mais cedo voltaremos à vida normal”, salientou.

O estado de emergência, declarado após consulta ao Conselho da República e Assembleia Nacional, vai prolongar-se mais 15 dias a contar de 11 de maio.

Angola regista atualmente 43 casos positivos, com dois óbitos, 28 doentes ativos e 13 recuperados, não tendo identificado novos casos nas últimas 24 horas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 274 mil mortos e infetou mais de 3,9 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

O número de mortos devido à covid-19 em África subiu hoje para 2.151, em quase 58 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (594 casos e dois mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (230 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (212 casos e cinco mortos), Moçambique (82) e Angola (43 infetados e dois mortos).