O regresso coincide com protestos massivos nas ruas de todo o país contra a decisão de Bouteflika, 82 anos, de optar pela reeleição para um quinto mandato consecutivo nas presidenciais de 18 de abril.
O avião presidencial, um Gulfstream classe 4SP com equipamento médico, partiu às 15:40 (hora local) do aeroporto de Genebra e aterrou no aeródromo militar de Bufarik, norte da capital, pouco após as 17:30 (hora local, 16:30 em Lisboa).
O Presidente foi depois transportado para o palácio de Zeralda, uma informação que não foi confirmada nem desmentida pelas media oficiais.
Bouteflika não surge em público desde 21 de fevereiro, dia em que assistiu à cerimónia de juramento do cargo do presidente do Conselho constitucional, Tayeb Belaid, um organismo deve validar as candidaturas presidenciais.
O regresso ocorre com o prosseguimento dos protestos que se estenderam a todo o país contra a reeleição a um quinto mandato, após a sua primeira eleição há 20 anos.
Os protestos, que se iniciaram há alguns meses nas bancadas dos campos de futebol, alastraram para as ruas em 22 de fevereiro, dois dias antes da sua partida para Genebra, que também forçou o regime a suspender a inauguração do novo aeroporto de Argel, à qual deveria presidir.
Desde então, em particular às sextas-feiras, dia sagrado para ao muçulmanos, milhões de pessoas têm protestado contra a corrupção de um regime dominado pelas Forças Armadas e os serviços secretos e que se enquistou progressivamente desde o fim da guerra de libertação, iniciada em 1954, e a independência da França em 1962.
Os estudantes têm mantido a pressão na rua, o que conduziu o regime a antecipar por dez dias as férias universitárias, que se iniciaram hoje no país.
Na presidência desde 1999, Bouteflika sofreu em 2013 um “derrame cerebral” que afetou as suas faculdades físicas e o impedir de fazer campanha nas presidenciais do ano seguinte, que voltou a vencer apesar dos protestos de uma oposição muito controlada.
Desde então não se exprime em público, move-se numa cadeira de rodas manejada pelo seu irmão Saïd e as suas aparições públicas são raras, e geral reduzidas a imagens gravadas pela televisão estatal por motivo do Conselho de ministros ou de vistas de altos dignitários estrangeiros.
Bouteflika não viaja há muito para o estrangeiro e nos dois últimos anos cancelou no último momento, por “recaídas de saúde”, reuniões já confirmadas com altos responsáveis estrangeiros, incluindo a chanceler alemã Ângela Merkel e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.
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