“O Governo e o Presidente Lula [da Silva] não têm opinião nem preocupação” com o retorno ao país de “um cidadão que se diz da oposição”, disse hoje o ministro das Relações Institucionais do Brasil, Alexandre Padilha, em declarações aos ‘media’.
Jair Bolsonaro, principal líder da extrema-direita brasileira, está nos Estados Unidos da América desde 30 de dezembro, quando dois dias antes da posse do novo Governo decidiu deixar o Brasil enquanto ainda era Presidente com a intenção de não entregar o poder a Lula da Silva.
A volta de Bolsonaro foi anunciada para quinta-feira pelo Partido Liberal (PL), ao qual se filiou no final de 2021 e que o nomeou presidente honorário após a frustrada campanha à reeleição contra Lula da Silva, que o derrotou em outubro de 2022.
Nos Estados Unidos, Bolsonaro tem estreitado relações com a extrema-direita norte-americana, tem participado de atos do movimento chamado conservador e tem mantido um tom crítico ao Governo de Lula da Silva cuja vitória nas eleições presidenciais de outubro ainda não reconheceu publicamente.
Nesse período, também se agravaram os problemas do ex-presidente com a Justiça, que o incluiu numa investigação sobre os acontecimentos de 08 de janeiro, quando milhares de apoiantes invadiram e depredaram as sedes dos três poderes com a intenção de forçar um golpe de Estado contra Lula da Silva.
Jair Bolsonaro responde na Justiça numa dezena de processos que tramitam na sua maioria agora em primeira instância, pelo facto de ter perdido os privilégios que o cargo lhe garantia, e presume-se que, estando no Brasil, possa ser chamado a depor em vários deles.
A Justiça investiga-o por incentivo a atos de golpe, por campanhas de difamação contra a justiça eleitoral, por disseminar informações falsas, por supostos abusos económicos e de poder, entre outras causas.
Restam cinco processos no Supremo Tribunal Federal (STF), um dos quais tenta apurar a autoria intelectual do golpe frustrado de 08 de janeiro e no qual Bolsonaro aparece como investigado.
Nas últimas semanas, o ex-presidente foi adicionado a uma investigação, que ainda não chegou aos tribunais, sobre presentes valiosos que alegadamente recebeu da Arábia Saudita na qualidade de Presidente e que guardou após deixar o poder, apesar de ter que entregá-los ao património do Estado.
Comentando a volta de Bolsonaro, Alexandre Padilha citou o caso e considerou que o ex-presidente “terá que dar algumas explicações” sobre esses presentes, apesar de a grande maioria já ter sido depositada em banco público pelos advogados do líder da extrema-direita após decisões de órgãos de controlo do país.
Padilha também minimizou a possibilidade de que a volta do ex-presidente leve seus seguidores às ruas na quinta-feira.
“Se houver manifestações, elas serão normais” e a responsabilidade de controlá-las será “das autoridades regionais de Brasília”, disse o ministro, que reforçou a mensagem de que o Governo de Lula da Silva “está preocupado apenas em governar o país”.
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