“Fui vítima de bandidos que saquearam o país nos governos passados e não obtiveram acesso ao nosso. E negociaram um acordo pelo qual querem sair impunes”, afirmou em entrevista ao jornal O Estadão.
Temer negou novamente ter dado o aval para a alegada compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso por corrupção, e expressou a sua estranheza com o facto de a confissão da empresa JBS à Justiça ter acontecido no “momento em que a economia começa a recuperar”.
O Presidente afirmou ao jornal que recebeu Joesley Batista, um dos donos da JBS, na sua residência oficial em março passado depois de insistência do empresário, e assinalou que considerou estranhos os temas abordados.
No diálogo, que foi registado por Batista, o empresário narra uma série de ilegalidades a Temer e, em determinado momento, o Presidente dá aval para silenciar Eduardo Cunha com subornos.
O Presidente questionou no sábado, num discurso ao país, a autenticidade da gravação depois de a imprensa brasileira ter noticiado que as autoridades verificaram que houve “edição no áudio” da conversa que foi incluída nos autos.
No entanto, segundo o jornal Folha de São Paulo, a parte mais polémica do diálogo, em que alegadamente Temer dá aval a Batista para comprar o silêncio de Cunha, não sofreu modificações.
O Presidente voltou a descartar a possibilidade de renúncia, solicitada por setores da oposição, e sublinhou que tentará reconstruir a sua base para aprovar um importante pacote de reformas, que inclui a modificação do sistema de pensões e reformas.
“Querem me tirar para continuar com as mesmas reformas que eu propus, com o meu programa. A quem interessa desestabilizar o governo?”, questionou ao Estadão.
O Brasil está mergulhado há mais de dois anos numa crise política acentuada pelas contínuas suspeitas de corrupção que pendem sobre vários políticos, investigadas no quadro da operação Lava Jato.
Pagamentos ilegais por parte de empresas como a JBS, a construtora Odebrecht ou a petrolífera Petrobras levaram ao afastamento de dezenas de políticos, atingindo, entre outros, o ex-presidente do Congresso (parlamento) Eduardo Cunha e o candidato presidencial derrotado Aécio Neves (direita).
O caso chegou a 18 de maio à Presidência com a abertura de um processo no Supremo Tribunal Federal ao Presidente brasileiro e o pedido de novas eleições (diretas ou via parlamento) está a ser subscrito agora por dirigentes da base aliada de Michel Temer.
Desde então, o Presidente tem recusado afastar-se do cargo, queixando-se de perseguição política por parte da justiça brasileira.
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