O Presidente Ilir Meta tentou cancelar as eleições, ao considerar que seriam antidemocráticas sem a participação das mais importantes formações da oposição albanesa, que boicotou a votação.

No entanto, o primeiro-ministro Edi Rama e líder do Partido Socialista (PSSh, no poder), ordenou a realização das eleições no domingo para presidentes de câmara e membros dos concelhos locais, e o seu partido deverá garantir a maioria dos votos com uma margem significativa.

Em mais de metade dos 61 municípios, o PSSh apresentou-se sem rivais.

A oposição considerou que a baixa taxa de participação (21,6%) demonstrou que as eleições eram inconstitucionais e ilegais.

Os resultados preliminares eram aguardados para hoje, mas a sua divulgação estava atrasada.

Na passada quinta-feira, Ilir Meta, decretou para 13 de outubro a nova data das eleições locais, aprofundando a crise institucional com o primeiro-ministro Edi Rama, que manteve a convocação do escrutínio para domingo.

Em conferência de imprensa, Meta defendeu a alteração das datas com o argumento que, desta forma, poderá ser garantida a participação de todos os partidos políticos, e ainda emitir uma mensagem positiva ao Conselho Europeu, que na reunião de 17 e 18 de outubro se deverá pronunciar sobre a abertura de negociações de adesão com a Albânia.

Ilir Meta anunciou a nova convocatória após manter reuniões individuais com os líderes dos principais partidos da oposição e um encontro com embaixadores de diversos países da União Europeia (UE).

Edi Rama, que recusou participar na reunião, considerou “nula” a decisão do Presidente e acusou-o de ter assumido a liderança da oposição interna.

Após o boicote eleitoral das principais forças da oposição – lideradas pelo Partido Democrático (PDSh, conservador) de Lulzim Basha, e que também boicotam o parlamento nacional – apenas se apresentaram no escrutínio de domingo, para além do PSSh, alguns candidatos, na maioria provenientes de novos pequenos partidos.

Com a sua iniciativa, o Presidente – casado com Monika Kryemadhi, atual líder do Movimento socialista para a integração (LSI, na oposição) – acentuou a crise institucional que se iniciou com a sua decisão de anular a data das eleições locais.

Desde há mais de quatro meses que a oposição organiza protestos de rua para exigir a demissão de Rama, acusado de corrupção e manipulação dos resultados das legislativas de 2017, e exige um governo de transição até novo escrutínio.

Há cerca de duas semanas, o parlamento iniciou longo procedimento para a destituição do Presidente, por ter alegadamente violado a Constituição com as tentativas de cancelar as próximas eleições municipais. Um processo que se prevê difícil, por requerer a aprovação do Tribunal constitucional, há meses inoperacional devido à falta de juízes.

As esperanças de Tirana sobre uma decisão iminente relacionada com o processo de adesão desvaneceram-se quando o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu em meados de junho que não seriam tomadas no imediato decisões concretas sobre os processos de adesão da Albânia e da Macedónia do Norte devido à oposição de diversos Estados-membros, que não designou.

Rama e o seu PSSh consideram que os protestos de rua e a decisão do Presidente são um estratagema que tem por objetivo retirar o poder ao primeiro-ministro e impedir a reforma judicial, um dos principais requisitos para que a Albânia possa abrir negociações com Bruxelas.

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