Numa mensagem divulgada na segunda-feira à noite na página pessoal do Facebook, Paulo Rodrigues disse sentir-se “discriminado”, acusando o Presidente da República de “desprezo completo” para com a PSP.
Paulo Rodrigues explica que já pediu várias vezes reuniões a Marcelo Rebelo de Sousa e “nunca aceitou”.
“Já pedi ao Presidente da República reuniões, já pedi que interviesse para resolver questões da Polícia, já o convidei várias vezes, publicamente, para aparecer um dia, sem avisar, e junto com uma patrulha, fazer um turno de serviço e ir resolver ocorrências, ele nunca aceitou”, disse.
O presidente da ASPP salientou que “não tem nada contra a visita” de Marcelo Rebelo de Sousa ao bairro da Jamaica, mas sublinha que este “não deve menosprezar quem produz segurança no país”.
“Nada contra ele ir à Jamaica ou onde ele quiser, mas menosprezar quem produz segurança no país e nunca ouvir uma só palavra em favor destes profissionais é sinónimo do desprezo completo que a S. Exa PR tem pelos polícias e pela segurança do país”, refere.
No entendimento de Paulo Rodrigues, Marcelo Rebelo de Sousa é “um Presidente da República de quase todos os portugueses”.
“Não sei porquê [visita ao bairro do Jamaica], se a ideia era ver edificações degradadas, podia ter ido à Calçada da Ajuda em Lisboa ou à Bela Vista do Porto, em matéria de instalações vergonhosas, ganham à Jamaica”, disse.
O Presidente da República visitou na segunda-feira o bairro Jamaica, no Seixal, sem anúncio prévio, e aceitou o convite para estar presente na próxima festa da associação de moradores.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve com dirigentes da associação de moradores e visitou o centro comunitário, onde conviveu com moradores de diversas idades".
A visita do chefe de Estado aconteceu 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia neste bairro, no dia 20 de janeiro, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público.
A PSP abriu um inquérito interno sobre a "intervenção policial, e todas as circunstâncias que a rodearam", ocorrida no dia 20 de janeiro em Vale de Chícharos, também conhecido como bairro Jamaica.
O caso tornou-se público devido a um vídeo que circulou nas redes sociais e levou a um protesto contra a violência policial, no dia seguinte, em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa.
Nessa ocasião, registaram-se incidentes com a PSP, que relatou ter havido apedrejamento de agentes policiais por parte de manifestantes já na Avenida da Liberdade e admitiu ter recorrido a disparos de balas de borracha.
O bairro Jamaica começou a formar-se na década de 90 e tem-se mantido sem condições de habitabilidade, com edifícios inacabados a servir de casa.
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