"O nosso principal objetivo é que esta loja dos correios não feche e que não se acabe com este serviço público às populações. Esta estação de correios presta um serviço público essencial à população e, ainda por cima, dá lucro, segundo as informações que temos", disse o autarca da CDU.
"Não percebemos as razões pelas quais se encerra esta estação de correios, afastando cerca de 15.000 pessoas que moram aqui na Aldeia de Paio Pires do serviço público postal. E também um conjunto de empresas que se socorrem desta estação dos CTT para poder fazer face às suas necessidades", acrescentou Joaquim Santos.
De acordo com o autarca, em vez de proceder ao encerramento daquele posto de correios, a administração dos CTT devia contratar mais pessoal e melhorar as condições de atendimento para acabar com as filas de pessoas que, por vezes, têm de esperar para serem atendidas.
A opinião do autarca do Seixal foi corroborada por Nuno Sias, de 31 anos, que trabalha na farmácia junto ao posto de correios e alertou para o facto de as estações de correios mais próximas - Torre da Marinha e Seixal - ficarem a "quatro ou cinco quilómetros de distância".
"Este posto de correios da Aldeia de Paio Pires tem um afluxo grande, por vezes há seis, sete, oito pessoas, à espera para serem atendidas. O encerramento deste posto de correios é uma coisa que não se percebe", disse.
"Claro que eu consigo deslocar-me com mais facilidade do que as pessoas mais idosas, mas também me sinto penalizado", acrescentou Nuno Sias.
Mais preocupados com o encerramento dos correios de Paio Pires estão os reformados que vivem na aldeia, porque é nos correios que muitos deles recebem a reforma todos os meses e que, por isso, fizeram questão de marcar presença no protesto.
"Estou aqui porque isto é uma aldeia com muita gente de idade, que aqui [os correios] recebe as suas reformas. Este posto de correios faz muita falta à população. Isto é um serviço público. Quando entregaram os CTT [a uma empresa privada], devia ter ficado especificado os fins a que se destinava este posto de correios, porque os correios mais próximos são no Seixal ou na Torre da Marinha", defendeu.
"Quem não tem meio de transporte próprio tem de ir de táxi e ainda são quatro ou cinco quilómetros. O correio já nos chega atrasado, mas agora, se calhar, vai ser ainda pior", acrescentou Manuel Silva.
As preocupações de Manuel Silva são partilhadas pela septuagenária Maria Joaquina Oliveira, que, apesar das dificuldades de locomoção provocadas pelos seus 75 anos, também participou no protesto contra o encerramento do posto de correios de Paio Pires.
"Estou aqui para que não fechem os nossos correios, que fazem muita falta às pessoas de idade. É aqui que recebemos as nossas reformas. Agora não sabemos onde havemos de ir receber as nossas reformas. Não sei como é que vai ser. Temos de lutar para ver se conseguimos que o posto de correios não seja encerrado", disse.
Durante o protesto o presidente da Câmara do Seixal revelou que já tinha solicitado reuniões à administração dos CTT e ao Ministro das Infraestruturas, mas que ainda não obteve resposta.
Os CTT confirmaram no dia 02 de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A empresa referiu que o encerramento de 22 lojas situadas de norte a sul do país e nas ilhas "não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".
Para além do posto de correio da aldeia de Paio Pires, os CTT pretendem também encerrar os balcões da Junqueira (concelho de Lisboa), Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de São Vicente (Penafiel), Socorro (Lisboa), Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde (Paços de Ferreira), Filipa de Lencastre (Sintra), Olaias (Lisboa), Camarate (Loures), Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprela (Porto), Areosa (Gondomar), Araucária (Vila Real), Alpiarça, Alferrarede (Abrantes) e Arco da Calheta (Calheta, na Madeira).
Segundo revelou hoje o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, a direção da ANMP decidiu pedir à ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), entidade reguladora em Portugal das comunicações postais, para esclarecer "o que se está a passar e o que pode acontecer" ao serviço prestado pelos CCT.
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