“Decidiremos quem chega à Europa e não os traficantes”, afirmou von der Leyen em Lampedusa, epicentro da crise migratória no Mediterrâneo, numa conferência de imprensa em que considerou que a “imigração ilegal é um desafio europeu que requer uma resposta europeia”.
O plano de ação, com 10 pontos, inclui uma possível nova missão naval da União Europeia (UE) no Mediterrâneo, repatriamentos mais rápidos de pessoas cujos pedidos de asilo forem rejeitados e corredores humanitários para chegadas legais.
Na sequência da chegada de mais de 10.000 migrantes a Lampedusa (mais do que a população da ilha italiana mais próxima de África) em apenas três dias, na semana passada, a chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, escreveu uma carta à presidente da Comissão Europeia pedindo-lhe para visitar a ilha “para compreender pessoalmente a gravidade da situação”.
Hoje, junto a von der Leyen, Meloni afirmou não considerar a presença de von der Leyen em Lampedusa um “ato de solidariedade”, mas de “responsabilidade”.
“É uma fronteira da Itália, mas também da Europa. Se alguém na Europa pensa que uma crise global pode ser resolvida deixando os italianos sós está enganado”, disse a chefe do Governo de coligação de direita e extrema-direita.
Giorgia Meloni tomou posse há quase um ano e desde então tem defendido que se abandonem as disputas sobre a distribuição de migrantes entre os países europeus e se concentrem esforços em travar as saídas através de acordos com países africanos.
Por isso, um dos compromissos mais esperados pelo Governo italiano foi o último dos pronunciados por von der Leyen, que apelou para a aceleração da aplicação do acordo migratório que Bruxelas assinou com a Tunísia em julho passado e que inclui ajuda financeira de mais de 1.000 milhões de euros em troca de medidas de contenção da imigração.
A visita da líder europeia a Lampedusa coincide com a chegada de mais de 1.000 migrantes à ilha nas últimas horas.
A Cruz Vermelha Italiana, que gere o centro de acolhimento de Lampedusa, disse que ali ainda se encontram 1.500 migrantes, para uma capacidade de 400 pessoas, pois as transferências para a Sicília e o continente não compensam totalmente as novas chegadas.
Grandes navios de organizações não-governamentais, como o Geo Barrents dos Médicos Sem Fronteiras, que resgatou sábado quase 500 migrantes em 11 operações (mais de 200 menores), são direcionados diretamente para os principais portos italianos.
Contudo, dezenas de pequenos barcos continuam a sua travessia do Mediterrâneo e chegam diretamente a Lampedusa, onde o sistema de gestão de migrantes se encontra à beira da asfixia.
Apesar de os números estarem sempre em evolução, desde o início do ano estima-se que mais de 127 mil imigrantes desembarcaram em Itália, quase o dobro do mesmo período de 2022 e o triplo de 2021, segundo dados atualizados do Ministério do Interior italiano.
Comentários