"Toda a minha ação, toda a minha vida foi posta em causa", afirmou Cifuentes, de 54 anos, declarando-se vítima de um "linchamento", depois da difusão de um vídeo, de 2011, em que se vê um agente de segurança a pedir-lhe a abertura do seu saco num supermercado, um incidente que, segundo justificou, se deveu a "um erro involuntário" reparado imediatamente.

Numa conferência de imprensa, Cifuentes alegou que tomou esta decisão para evitar que "a esquerda radical" governe na região de Madrid e "ponha em risco" a gestão feita pelo Partido Popular (PP), a que pertence, nos seus três anos de legislatura.

A dirigente popular não adiantou, contudo, se também renuncia ao seu cargo no partido, em que era vista como possível sucessora do atual presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy.

Cifuentes estava sob ameaça de uma moção de censura da esquerda, que tinha todas as hipóteses de ter sucesso, porque o partido Ciudadanos (centro-direita) anunciou que lhe retirava o apoio indispensável para que a direita governe nesta região, onde tinha uma minoria de 48 eleitos em 151.

A polémica à volta de Cifuentes começou quando o ‘site’ de notícias eldiario.es noticiou que a presidente da região de Madrid tinha obtido um mestrado na universidade pública Rei Juan Carlos graças à falsificação de duas notas.

As acusações foram subindo de tom, tendo um outro meio de comunicação social, El Confidencial, avançado com a existência de duas assinaturas falsas num documento apresentado por Cifuentes para provar que o diploma era verdadeiro.

Em 17 de abril, a presidente da Comunidade de Madrid já anunciara renunciar ao seu mestrado universitário, apesar de ter assegurado ter cumprido todo o processo burocrático que lhe foi pedido, assim como o estipulado na lei.

Cifuentes compareceu na semana passada no parlamento regional para se defender, tendo assegurado que “nem currículo nem notas tinham sido falsificadas”, mas não apresentou o trabalho de fim de mestrado, que teria perdido durante uma mudança.

O Ministério Público já tinha iniciado no início de abril um inquérito para investigar se Cristina Cifuentes falsificou o diploma de mestrado universitário.

A controvérsia tem lugar um ano antes das eleições regionais de maio de 2019, com os partidos de esquerda, PSOE (socialistas) e Podemos (extrema-esquerda) a quererem afastar o PP da Comunidade Autónoma de Madrid, uma das mais ricas de Espanha e onde se encontra a capital do país.

Cifuentes converteu-se assim no nono presidente autonómico a demitir-se nos últimos 30 anos, depois de envolvido em alguma polémica ou estar envolvido em processos judiciais ou administrativos, cinco deles do PSOE e quatro do PP.

Este caso tem lugar um ano depois de a ex-presidente da região de Madrid (Comunidade Autónoma) Esperanza Aguirre, também do PP, ter sido implicada num escândalo de desvio de fundos públicos.