Em declarações à TSF, Jaime Marta Soares disse que "o incêndio já estava a decorrer há cerca de duas horas quando efetivamente se desenvolveu o problema com os raios que provocaram um conjunto de ignições. Eu tenho para mim que, até prova em contrário, até me provarem o contrário, o incêndio teve origem em mão criminosa”.
Mais tarde, em declarações à SIC, o responsável disse que esta sua análise “assenta numa convicção e não no conhecimento de factos em concreto". "Eu tenho para mim, convictamente, que a trovoada foi bastante mais tarde do que o início do incêndio”, reiterou.
À TSF o Presidente da Liga dos Bombeiros garantiu que o organismo que lidera vai "exigir uma análise detalhada sobre todas as questões".
Ainda nesta entrevista, apesar de admitir que o SIRESP (Rede Nacional de Emergência e Segurança) teve algumas dificuldades, Marta Soares diz que isso não justifica tudo o que aconteceu, exigindo também nesta matéria uma "análise em profundidade ao que falhou" porque "não se pode no momento de um sinistro desta dimensão estar a inventar. As coisas têm de estar todas preparadas", disse.
A Polícia Judiciária já adiantou que irá entrar em contacto com o Presidente da Liga dos Bombeiros para apurar a origem das suas suspeitas.
Ontem, António Costa, em entrevista à TVI, disse que a trovoada seca foi “a causa”, mas “não chega, não pode ser só isso”, afirmou, sublinhando que as testemunhas dizem que houve “uma espécie de furacão”. O primeiro-ministro já havia pedido esclarecimentos urgentes sobre o funcionamento da rede de SIRESP no incêndio de Pedrógão Grande.
De recordar que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) atribuiu, a 19 de junho, o incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande a uma conjugação "pouco habitual" de fatores meteorológicos adversos e com "grande imponderabilidade" de previsão da localização.
Temperatura muito elevada, baixa humidade, ausência de chuva, descargas elétricas associadas a trovoada seca, mudança de direção de vento muito rápida e reduzida água no solo foram os fatores enumerados.
Antes, a 18 de junho, já o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) havia afirmado que o incêndio teve origem numa trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa.
"A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio”, disse Almeida Rodrigues.
O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.
O fogo começou numa área florestal em Escalos Fundeiros, no concelho de Pedrógão Grande, e alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, também no distrito de Leiria. Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra. Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.
(Notícia atualizada às 13h41)
Comentários