“Quem é irresponsável é o senhor ministro porque está a levantar o pânico e sabe que isso não é verdade, sabe que o socorro não está minimamente em causa”, declarou à Lusa Marta Soares, depois de o ministro da Administração Interna acusar a Liga de “irresponsabilidade” devido à decisão da organização de os bombeiros deixarem de comunicar ocorrências à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), em protesto contra os diplomas sobre as estruturas de comando aprovados pelo Governo.
Eduardo Cabrita convocou uma conferência de imprensa para criticar a atuação dos bombeiros e disse que a decisão compromete a coordenação de meios e pode pôr em causa a segurança das pessoas, o que o presidente da Liga rejeita.
“Se veio dizer isso para a opinião publica está a mentir. (…) essa questão não põe minimamente em causa, em circunstância, alguma o socorro às populações como sempre fizemos. A diferença é não dar a conhecer aos CDOS (Comandos Distritais de Operações de Socorro) as nossas prestações de socorro para demonstrar que somos capazes de desenvolver o socorro sem a proteção civil, atendendo a que o ministro não respeita o seu principal parceiro que são os bombeiros”, argumentou Marta Soares.
“Somos responsáveis por 98% do socorro em Portugal e em relação aos incêndios florestais, que são só 7% da nossa atividade, somos responsáveis por 95% em equipamento, viaturas e recursos humanos, no INEM somos responsáveis por 85% da atividade”, sublinhou.
Num “esclarecimento às população” enviado esta tarde às redações a Liga reitera “que o socorro e o apoio às populações não esteve nem nunca estará em causa” e lamenta “as pressões” da Autoridade Nacional de Proteção Civil e do ministro da Administração Interna, apelando à população para que se dirija ao quartel de bombeiros da sua área de residência para pedir mais informações “sobre o que se está a passar”.
No mesmo comunicado, a Liga informa que deixa de participar no do dispositivo coordenado pela ANPC de combate a incêndios em 2019.
Marta Soares criticou ainda o ministro por “não ter tomado em conta as propostas que foram feitas pelos bombeiros” e lamentou que o Governo queira fazer uma reforma da Proteção Civil “ignorando” o seu parceiro mais importante.
Embora tenha acusado o ministro de “não respeitar” e “ter andado a enganar os bombeiros”, Marta Soares assegura que não fecha a porta ao diálogo com o Governo: “Os bombeiros portugueses não gostam de viver em conflito, ninguém se sente bem em conflito. Os bombeiros sempre estiveram abertos ao diálogo e as negociações, mas têm de ser diálogo e negociação sérios, responsáveis”.
A LPB reivindica uma direção de bombeiros autónoma independente e com orçamento próprio, que diminua os custos e aumente a eficácia, um comando autónomo e o cartão social do bombeiro.
A Liga dos Bombeiros Portugueses tem, no total, 470 associados, distribuídos por corporações de voluntários (435), municipais (19), privativos (9), batalhão de sapadores bombeiros (1), companhias de sapadores bombeiros (5) e regimento de sapadores bombeiros (1) distribuídos por todos os distritos do Continente e Ilhas.
Comentários