“Estou ao longo do dia em permanente contacto com o senhor ministro da Administração Interna, começa logo às nove da manhã, quando temos o primeiro contacto, dura ao longo do dia e ainda há pouco tempo tive um novo contacto. Estou a acompanhar o que se passa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à RTP3.
Considerando que os 900 operacionais que estão mobilizados para o incêndio em Monchique, que deflagrou na sexta-feira, “é uma coisa brutal em termos de capacidade de resposta”, sem pôr em risco o restante território nacional, o chefe de Estado reconheceu diferenças em relação ao que se passou no ano passado, nos fogos de junho e de outubro.
“Acho que se olhar para os meios que estão a ser utilizados, há aqui uma diferença de meios muito significativa, meios aéreos por um lado, meios no terreno por outro lado, a forma de estrutura e de prevenção”, referiu, ressalvando, contudo, que o mês de agosto ainda está no início.
De qualquer forma, insistiu, “neste momento a situação é uma situação circunscrita e limitada e isso faz diferença indiscutivelmente ao que se viveu antes de junho do ano passado e ao que se viveu entre junho e outubro”.
O Presidente da República, que está neste momento de férias na região centro, percorrendo algumas das localidades afetadas pelos incêndios de outubro, notou ainda “o exemplo de cidadania” que os portugueses têm dado, considerando que o cuidado que as populações demonstram “é impressionante” e revela que “estão despertas ao primeiro sinal”.
Marcelo Rebelo de Sousa disse, ainda, que não se irá deslocar a Monchique, recordando as críticas que a Comissão Técnica Independente aos incêndios de Pedrógão Grande fez à sua ida ao terreno em junho de 2017, quando estavam ainda ativos os fogos naquela região.
“A comissão independente, um dos aspetos que considerou negativos foi a minha ida ao terreno, porque teria perturbado as operações de resposta e eu estou muito atento a que isso não seja considerado como prejudicial às operações de resposta”, lembrou.
No relatório da Comissão Técnica Independente aos incêndios de Pedrógão Grande, divulgado em 12 de outubro de 2017, é referido que, das audições efetuadas, “foi unânime a opinião, manifestada por operacionais, autarcas, agentes de proteção civil entre outros testemunhos, de que o PCO [Posto de Comando Operacional] estava permanentemente superlotado, desorganizado, desorientado, descoordenado, com autoridades políticas a intervirem também nas decisões operacionais”.
“A comunicação social estava em peso e muito próxima do PCO. O comando e coordenação da operação era obrigado a intervalar o seu trabalho para realizar briefings às diferentes autoridades e entidades que ali se deslocaram. E as comunicações não fluíam, atendendo também à localização do PCO e às falhas detetadas no SIRESP”, lia-se ainda no relatório.
Relativamente ao incêndio de Monchique, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que também já esteve em contacto com o presidente da Câmara Municipal de Odemira e, em relação à frente norte do fogo”, o autarca pareceu-lhe “razoavelmente sereno” relativamente à sua evolução.
Sobre a frente sul do incêndio, o Presidente da República referiu que as informações que lhe chegaram indicam que as chamas se estão a encaminhar para a barragem de Odelouca, afastando-se do núcleo urbano da vila.
“A ser assim, conjuntamente com a baixa de temperatura que se espera entre esta noite e amanhã pode significar que a partir da barragem a progressão seja, pela própria natureza das coisas, menor”, afirmou.
O fogo que deflagrou em Perna da Negra, Monchique, na sexta-feira, cerca das 13:30, obrigou à evacuação de vários aglomerados habitacionais ao longo dos três dias e está, desde a noite de domingo, a ameaçar a própria vila sede do município.
No combate às chamas estão envolvidos 1.018 operacionais, apoiados por 295 viaturas.
Comentários