Em declarações aos jornalistas em Palermo, Itália, onde participa na terça-feira no XVI encontro da organização empresarial COTEC Europa, Marcelo pronunciou-se sobre outro evento, o Fórum do Banco Central Europeu (BCE) que hoje arrancou em Sintra, e considerou muito importante ouvir as intervenções, até “porque é costume convidar, além do mais, os banqueiros centrais de fora da Europa” e ficar a saber “o que pensam os americanos, os britânicos”, entre outros.

“E depois, na Europa, [é importante] debater-se qual é a perspetiva. Eu confesso que estou muito curioso para perceber qual é a posição dos banqueiros, sobretudo os banqueiros centrais, sobre, primeiro, a inflação”, designadamente se “vai ser controlada ou não, e mais depressa ou mais devagar”.

Em segundo, prosseguiu, é importante ouvir o que dizem os responsáveis sobre “quando haverá uma viragem em relação à subida de juros”, pois “lá subiu outra vez o nível de juros em Portugal por causa da subida no BCE, e as pessoas estão todos os dias a fazer contas à vida”.

“É possível que não se tenha nenhuma verdade segura sobre o futuro, mas ao menos perceber o que é que pensam os responsáveis dos bancos centrais é fundamental para a vida de todos nós”, concluiu.

Sintra volta a receber a partir de hoje, e até quarta-feira, governadores de bancos centrais, académicos, decisores políticos e especialistas do mercado financeiro, no âmbito do Fórum BCE, para debater a inflação num ambiente de volatilidade.

O evento do Banco Central Europeu ocorre numa altura em que a inflação continua a centrar a atenção dos decisores, depois de ter dominado o debate no ano passado.

As sessões de debate arrancam apenas na terça-feira de manhã, com um discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde, que na semana passada, após a última reunião do Conselho de Governadores, anunciou uma subida das taxas de juro de 25 pontos base.

A taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,25%, com efeitos a partir de 21 de junho.

Christine Lagarde admitiu ainda ser muito provável uma nova subida das taxas de juro na próxima reunião da instituição de julho, enquanto o governador do Banco de Portugal (BdP) um dia depois disse esperar que após o verão possa haver maior previsibilidade sobre a trajetória das taxas de juro do BCE, já que terão sido recebidos novos dados sobre a inflação.

A opção do BCE distinguiu-se da decisão da Reserva Federal norte-americana (Fed), que na última reunião optou por manter o intervalo de taxa de juro de referência.

Contudo, o presidente da Fed, Jerome Powell, admitiu na semana passada novos aumentos das taxas de juro nos próximos meses, dependendo de dados económicos.

Por seu lado, o Banco da Inglaterra (BoE, sigla em inglês) anunciou a 13.ª subida consecutiva das taxas na última quinta-feira, desta vez em 50 pontos base, de 4,5 para 5%, o nível mais alto desde 2008, depois da inflação no Reino Unido ter ficado acima do previsto pelos analistas (8,7% em maio).

O evento decorre até quarta-feira, dia em que os banqueiros centrais do BCE, Fed, BOJ e BoE se juntarão para discutir a política monetária.