Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa "lamenta a morte de João Semedo e envia à família as mais sentidas condolências".

O chefe de Estado - que se encontra em Cabo Verde, na ilha do Sal, para participar na XII Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - já ligou à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, a dar as condolências, adiantou à agência Lusa fonte da Presidência da República.

"Médico de profissão e defensor do Serviço Nacional de Saúde, João Semedo foi um homem de causas, politicamente empenhado desde muito jovem, com um ativismo político anterior ao 25 de Abril. Militante do PCP durante muitos anos, partido que abandonou no início da década de noventa, chegou mais tarde a coordenador do Bloco de Esquerda", refere o Presidente da República, na nota hoje divulgada.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que "foi pelas escolhas que fez" que João Semedo "se destacou, sempre com uma afabilidade acentuada, convencendo pelo exemplo, afirmando-se pela força do seu pensamento lúcido e clarividente".

"Até a morte encarou com a firmeza e a bondade que o caracterizava, tendo afirmado numa das suas últimas entrevistas que viveu como quis e que de nada do que é importante se arrependeu. O país sentirá a sua falta, o Presidente da República honra a sua memória", acrescenta.

João Semedo, que dividiu a coordenação do Bloco de Esquerda com a atual coordenadora, Catarina Martins, após Francisco Louçã deixar o cargo, teve uma vida dedicada à atividade política nacional e internacional, às artes e à medicina, tendo recentemente sido um dos autores de uma nova proposta de Lei de Bases da Saúde.

Membro da direção do movimento cívico "Direito a morrer com dignidade", João Semedo nasceu a 20 de junho de 1951, em Lisboa, cidade onde frequentou o Liceu Camões e onde se veio a licenciar, na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1975.

Depois de um longo percurso como médico e político, lançou em janeiro de 2018, em conjunto com António Arnaut, o livro "Salvar o SNS - Uma nova lei de bases da Saúde para defender a democracia".

João Semedo fundou, em 2003, com outros antigos dirigentes do PCP, o Movimento da Renovação Comunista. No ano seguinte, aceitou o convite de Miguel Portas para integrar como independente as listas do Bloco para o Parlamento Europeu.

A aproximação ao Bloco de Esquerda prosseguiu com a sua participação nas listas às legislativas pelo Porto e acaba por se tornar deputado, substituindo João Teixeira Lopes, em março de 2006.

Semedo acabou por aderir ao Bloco de Esquerda em 2007 e protagonizou candidaturas autárquicas em Gondomar (enquanto independente em 2005), Gaia (2009) e Lisboa (2013).