O acordo assinado entre México e Rússia em setembro de 2021 tem como foco "a exploração e o uso do espaço ultraterrestre para fins pacíficos", de acordo com o Ministério das Relações Exteriores mexicano.

No entanto, a embaixada russa no México afirmou na semana passada, na sua conta oficial no Facebook, que o acordo prevê a "possível instalação de estações #GLONASS em território mexicano", um sistema global de navegação por satélite russo, semelhante ao GPS americano.

No sábado, a chancelaria mexicana rejeitou a declaração em comunicado, ao garantir que o acordo "não contempla ações relacionadas com o sistema Glonass".

"É um acordo firmado antes da guerra entre Rússia e Ucrânia e agora estão a criar um escândalo porque dizem que o México está permitir que os satélites russos possam ser usados para espiar o espaço aéreo mexicano e o norte-americano", disse López Obrador em sua defesa, na conferência de imprensa.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, afirmou que "o sistema de satélites Glonass não será instalado no México".

"O Acordo de Referência não menciona, nem inclui (o sistema de satélites) e não está previsto a sua instalação no nosso país", acrescentou Ebrard no Twitter no sábado.

López Obrador reiterou que o México "tem uma política de neutralidade" diante do conflito entre Rússia e Ucrânia "e queremos uma solução pacífica para essa polémica", afirmou.

O presidente de esquerda também rejeitou uma série de acordos de segurança entre autoridades dos Estados Unidos e o governo do estado de Zacatecas (centro do México), alegando que violam a lei mexicana.

"Na Constituição, está expressamente proibido que os governos estaduais assinem convénios com governos estrangeiros", afirmou.

Estes acordos foram anunciados na última quinta-feira pelo embaixador americano no México, Ken Salazar, que afirmou pelo Twitter ter participado de uma "reunião histórica" entre representantes do FBI, da DEA, USAID e outras agências americanas, e autoridades de Zacatecas, um estado assolado pela violência do crime organizado.

Questionado se tais acordos são ilegais, López Obrador respondeu que "sim", mas que o seu governo não "fará um escândalo" sobre isso.

"Nós temos que agir com critério e não com lutas, vamos procurar boas relações", completou.