Omar al-Bashir esteve quase 30 anos de poder, ao longo dos quais foi acusado de crimes de guerra e genocídio. O até agora vice-presidente e ministro da Defesa, o general Ahmed Awad Bin Auf, anunciou esta quinta-feira que o regime de al-Bashir caiu. Com isto, será o próprio a comandar um governo provisório durante dois anos.
Segundo a agência de notícias do Sudão, as forças armadas declararam respeitar todos os tratados "regionais e internacionais" e trabalhar para "a preservação e a dignidade dos direitos humanos", assumindo ainda um "compromisso com as relações de boa vizinhança, assegurando relações internacionais equilibradas, tendo em conta os interesses supremos do Sudão".
O general Bin Auf anunciou também que o país vai ficar sob estado de emergência nos próximos três meses. Foi também proclamada a libertação de todos os presos políticos.
A televisão do Sudão informou durante a madrugada que o Exército ia fazer uma “comunicação importante” em breve a propósito das manifestações que pediam o afastamento do presidente Omar al-Bashir.
Após o anúncio, às 05:00 (03:00 em Lisboa) a televisão pública passou a emitir apenas o distintivo do Exército ao som marchas militares.
Na capital do Sudão os militares posicionaram-se em vários pontos da cidade durante a madrugada, nomeadamente junto dos edifícios da televisão e da rádio públicas.
De acordo com a AP, vários veículos militares foram enviados para junto das principais pontes sobre o Nilo, em Cartum, enquanto milhares de populares mantêm as concentrações de protesto em vários pontos da capital, sobretudo junto ao quartel-general do Exército.
O Comité Central de Médicos do Sudão, uma organização sindical da oposição, afirmou que aumentou para 22 o número de mortos, desde sábado, entre os quais cinco militares que defendiam os manifestantes dos elementos do corpo de polícia.
A mesma organização refere que 153 pessoas ficaram feridas, sendo que um número “significativo” de feridos se encontra em estado grave pelo que admite que o número de mortos pode aumentar nos próximos dias.
Os protestos, que começaram em dezembro, intensificaram-se nos últimos dias a partir do momento em que a população tentou pressionar os militares a forçar a demissão do presidente.
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