“A nossa contribuição, a nossa obrigação, é apoiarmo-nos mutuamente no que a toca à defesa da democracia; a democracia tem que ser defendida”, afirmou o chefe de Estado timorense, em declarações à comunicação social no âmbito de uma visita hoje à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Lisboa.

Quando interrogado sobre se entende que a democracia no Brasil está sob ameaça, atendendo aos distúrbios em todo o país provocados pelos apoiantes do Presidente Jair Bolsonaro, que não aceitam a sua derrota na segunda volta das presidenciais no último domingo, Ramos Horta foi taxativo: “Não, não”, afirmou.

“Ao longo dos [últimos] anos, devo ter sido a única pessoa na CPLP, [enquanto] ex-Presidente, que se solidarizou com Lula [da Silva] ativamente”, reclamou ainda Ramos Horta.

“Fui talvez o primeiro Presidente no mundo a felicitar Lula” da Silva pela sua vitória nestas eleições”, disse ainda, revelando que “tinha tudo preparado, combinado com amigos no Brasil – e mobilizei outros – para, por favor, reagirem de imediato”.

Para o chefe de Estado timorense, que se encontra em Portugal no âmbito de uma visita oficial, a obrigação dos nove Estados-membros da CPLP é apoiarem-se “mutuamente no que toca à defesa da democracia, a democracia tem que ser defendida”.

A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Desde a madrugada de segunda-feira foram desfeitas 936 manifestações nas estradas de mais de 24 estados brasileiros.

Na quarta-feira, o Presidente brasileiro procurou acalmar os ânimos e apelou aos manifestantes que o apoiam para pararem de bloquear estradas pelo país, uma ação que se iniciou na madrugada de segunda-feira por considerarem que os resultados das eleições presidenciais tinham sido fraudulentos.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.

Lula da Silva assumirá novamente a Presidência do Brasil em 01 de janeiro de 2023 para um terceiro mandato, após ter governado o país entre 2003 e 2010.