A reunião decorreu na Junta de Freguesia de Massarelos, ao final da tarde de quarta-feira, e foi marcada pelo presidente daquela associação cívica, Francisco Ramos, após ter sido conhecida uma carta em que todos os presidentes de Junta das freguesias do Porto - cinco eleitos pelo movimento independente, um pelo PSD e outro pelo PS - enviaram recentemente ao presidente da autarquia, Rui Moreira, queixando-se de falta de apoio institucional da câmara municipal, bem como de dificuldades de diálogo.
Nesta carta, os sete presidentes de junta pedem a Rui Moreira que as propostas que ali expõem no âmbito da revisão do quadro de delegação de competências sejam analisadas “em reunião conjunta”, a realizar “tão breve quanto possível”.
Em declarações à Lusa, António Gouveia, autarca da freguesia de Ramalde eleito pelo movimento de Rui Moreira, confirmou que não foi à reunião de quarta-feira por já ter um compromisso no Palácio da Bolsa, praticamente à mesma hora, mas garantiu que “se não tivesse já este compromisso também não ia à reunião”.
Gouveia salientou que, na carta, os autarcas pedem “uma reunião com o presidente da Câmara”, “não com mais ninguém”.
Também os presidentes das uniões de freguesias do Centro Histórico e de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, António Fonseca e Nuno Ortigão, respetivamente, confirmaram não terem ido à reunião e estarem no mesmo evento no Palácio da Bolsa.
“Já tinha o compromisso e não confirmei a minha presença, mas a reunião não era com o presidente da Câmara. Qualquer reunião para a qual o presidente [Rui Moreira] me convide eu vou, e até desmarco tudo, se necessário”, disse António Fonseca.
Já Nuno Ortigão justificou a sua ausência na reunião com o facto de pretender “falar e esclarecer o assunto com o presidente”, Rui Moreira, e não com o responsável da associação cívica, da qual não faz parte.
“A única pessoa com quem gostaria de falar e esclarecer o assunto é com o presidente”, sublinhou.
Para esta reunião foram convidados os cinco presidentes de junta eleitos pelo movimento independente e os dois candidatos pelo movimento às outras duas juntas da cidade - Paranhos e Campanhã -, que também não estiveram no encontro.
À Lusa, o presidente da Junta de Freguesia do Bonfim, José Manuel Carvalho, que esteve na reunião, como constatou a Lusa no local, apenas disse: “Não me vou pronunciar sobre esse assunto, o assunto está a ser tratado e, na devida altura, os senhores [jornalistas] saberão”.
A Lusa contactou ainda a autarca da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, Sofia Maia, mas não obteve resposta.
“Sentimos falta de momentos de reunião, sentimos falta de apoio institucional, sentimos alguma indiferença da parte da estrutura que dirige em relação ao nosso papel enquanto presidentes de junta”, afirmam os sete autarcas, cinco dos quais eleitos pelo movimento independente de Rui Moreira e os outros pelo PSD e PS, na carta enviada ao presidente da Câmara.
José Manuel Carvalho (Bonfim), Ernesto Santos (Campanhã), Alberto Machado (Paranhos), António Gouveia (Ramalde), Nuno Ortigão (Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde), António Fonseca (Centro Histórico) e Sofia Maia (Lordelo do Ouro e Massarelos) dizem ainda sentir “que a falta de delegação de competências ‘reais’ e a não atualização da verba para as freguesias indicia uma postura de desinteresse por parte do município para com as freguesias”.
A Associação “Porto, o Nosso Movimento” foi criada em dezembro e é constituída por um Conselho de Fundadores, presidido pelo próprio Rui Moreira, estando a direção da mesma entregue a Francisco Ramos.
“O nome da associação ‘Porto, o Nosso Movimento’, é uma alusão à candidatura independente que ganhou, por duas vezes, as eleições autárquicas no Porto, a última das quais com maioria absoluta, a 1 de outubro de 2017”, lê-se na sua página da internet.
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