“Penso que todos concordarão que, independentemente do país ou nacionalidade, têm o direito de não serem mortos nas vossas próprias casas”, disse Zelenska na mensagem transmitida num evento sobre violações dos direitos humanos na Ucrânia, quase um ano após a invasão russa.

A mulher do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acrescentou que “os ucranianos foram mortos diante dos olhos do mundo durante um ano, nas suas cidades, aldeias, apartamentos, hospitais, teatros”, defendendo o direito do país à “autodefesa”.

“É por isso que faço um apelo à Organização das Nações Unidas (ONU) para criar um tribunal especial para os crimes da agressão russa. Não somos os únicos a precisar dele, é para todos”, preconizou, sublinhando ser um meio de evitar que tal volte a acontecer.

Há meses que os ucranianos têm vindo a fazer pressão para a criação de um tribunal especial com o objetivo de julgar os responsáveis pela invasão da Ucrânia.

O Tribunal Penal Internacional (TPI), que iniciou investigações sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia, não tem o poder de julgar a Rússia, que não é signatária do Estatuto de Roma, o texto fundador do TPI.

“A Rússia cometeu todo o tipo de crimes contra o povo ucraniano”, denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kouleba, criticando em particular a “deportação de crianças ucranianas para a Rússia”.

Mas “a responsabilidade pelos crimes internacionais cometidos na Ucrânia deve ser abrangente, não deve haver lacunas”, acrescentou. “Os líderes políticos e militares russos também devem ser julgados”, insistiu Kouleba.

Neste contexto, a União Europeia anunciou recentemente a criação de um centro internacional dedicado à acusação de crimes de agressão na Ucrânia, apoiado pela Ucrânia e sedeado em Haia.

O centro irá “recolher provas que poderão um dia ser utilizadas para julgar a liderança russa”, frisou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros neerlandês, Wopke Hoekstra, no evento na ONU.

“Sim, queremos paz, mas a única forma de conseguir a paz é não tolerar esta agressão”, acrescentou o governante neerlandês.