Xi Jinping, que chegou hoje à Rússia para uma visita de Estado de três dias, deixou o Kremlin após as conversações e o jantar com o qual seu colega russo o homenageou.

No início do encontro, Putin admitiu ter “estudado cuidadosamente” as propostas de Pequim “para resolver a grave crise na Ucrânia”, após o que garantiu que teriam a oportunidade de falar sobre o plano de paz chinês “cara a cara”.

Na chegada de Xi à Rússia, Putin manteve o protocolo e não recebeu o homólogo chinês, Xi Jinping.

O protocolo padrão da Rússia para visitas de chefes de Estado estrangeiros exige que estes sejam recebidos no aeroporto por uma autoridade do Governo de escalão inferior.

Putin enviou o vice-primeiro-ministro, Dmitry Chernyshenko, ao aeroporto de Vnukovo, na capital russa, para se encontrar com Xi depois de este descer do seu Boeing 747.

Enquanto isso, o Presidente russo estava longe, no centro de Moscovo, ocupado com outros compromissos antes do seu jantar de alto nível com Xi.

No aeroporto, o Presidente chinês ouviu uma banda militar russa tocar os hinos nacionais da China e da Rússia, passando depois por uma linha de guardas honorários acompanhado por Chernyshenko.

Apesar de manter o protocolo e evitar deslocar-se ao aeroporto, Putin cobriu o convidado especial de elogios quando o cumprimentou, já dentro do Kremlin, antes do jantar privado.

Depois do aperto de mãos, o líder da Rússia descreveu o “salto colossal” da China sob a liderança de Xi, acrescentando que sente um pouco de inveja, observação que arrancou um pequeno sorriso a Xi.

O chefe de Estado chinês respondeu da mesma forma, referindo que Putin deve receber um forte apoio nas eleições presidenciais do próximo ano, embora o líder russo ainda não tenha declarado a sua intenção de concorrer.

Quatro horas depois do primeiro momento juntos, os dois líderes ainda conversavam durante um jantar que, de acordo com a agência TASS, teve sete pratos.

A visita de Xi Jinping dá um importante impulso político a Putin, poucos dias depois do Tribunal Penal Internacional ter emitido um mandado de detenção contra o líder russo, acusado do alegado envolvimento em sequestro de milhares de crianças ucranianas.

Moscovo, que não reconhece a jurisdição do tribunal, considerou o mandado de captura como “legalmente nulo e sem efeito”, mas a medida aumentou ainda mais a pressão sobre o líder russo.

Na visita de Estado de Xi, os dois líderes discutirão a iniciativa de paz da China para a Ucrânia e questões bilaterais, esta terça-feira.

Putin e Xi devem manter na terça-feira encontros oficiais que também contarão com a presença de altos funcionários de ambos os países.

No final das negociações, são esperadas declarações conclusivas.

Os analistas apontam que a China ganhou mais poder e influência perante as sanções internacionais à Rússia e admitem que Pequim deve manter um forte apoio a Moscovo.

Embora a maioria dos observadores diga que é improvável que Pequim ofereça assistência militar a Moscovo, como os EUA e outros aliados ocidentais temem, a aliança com Pequim permite que o líder russo prossiga os seus objetivos na Ucrânia.