À margem de uma iniciativa junto de trabalhadores da hotelaria em Albufeira, no distrito de Faro, Paulo Raimundo afirmou que o “PCP só fez essa crítica porque o senhor Presidente tomou a iniciativa” de condecorar o homólogo da Ucrânia, quando falta uma semana para se assinalar um ano do início da guerra nesse país da Europa de Leste.

O dirigente comunista assegurou que “o PCP nunca teria feito a crítica que fez” se Marcelo Rebelo de Sousa “não tivesse tomado a iniciativa de condecorar aquela pessoa em concreto”, referindo-se a Volodymyr Zelensky, a quem o Presidente da República português decidiu atribuir o Grande-Colar da Ordem da Liberdade.

“Ela [a crítica] decorre exatamente pelo ato de o Presidente da República ter decidido condecorar, com aquela condecoração também, uma pessoa que consideramos que em nada contribui para aquilo que é preciso neste momento, que é a paz”, justificou, considerando que o Governo ucraniano tem características que “não abonam nada à condecoração que o Presidente lhe quer dar”.

Paulo Raimundo fez estas declarações ao ser questionado sobre um comunicado do PCP em que o partido considerava a condecoração ao Presidente da Ucrânia uma "afronta aos democratas" porque Volodymyr Zelensky “personifica um poder xenófobo, belicista e antidemocrático”. Questionado sobre esta classificação, Paulo Raimundo respondeu que constata “um facto”.

“Não inventámos isso, não foi o PCP que aboliu os partidos todos praticamente na Ucrânia, foi o Presidente em exercício. O Presidente em exercício que ganhou as eleições e uma das promessas que fez era acabar com a guerra”, acrescentou.

Paulo Raimundo disse ainda que Marcelo Rebelo de Sousa “podia ter condecorado o povo ucraniano”, mas não optou por essa solução.

“Condecorou o Presidente da Ucrânia e acho que fez mal”, considerou, argumentando que a ordem atribuída a Zelensky “carrega um peso do ponto de vista de liberdades, de democracia, de esforço para quem conquistou a democracia” em Portugal, que “não tem nenhuma correspondência com o poder ucraniano”.

Paulo Raimundo sublinhou, contudo, que o “PCP não está fazer nenhum julgamento sobre a guerra” ao criticar a condecoração, nem sobre “quem é o responsável da guerra”.

“Agora, aquela pessoa em concreto, e o Governo que aquela pessoa em concreto sustenta, não tem nada a ver com o povo [ucraniano], com o povo que sofre com a guerra, e que é uma guerra que devia acabar, nunca devia ter começado e devia acabar o mais rapidamente possível”, sustentou.