No hospital Dona Estefânia, em Lisboa, o atendimento de jovens aumentou cerca de 50% em janeiro e fevereiro deste ano quando comparado com 2020. Problemas relacionados com ansiedade e humor estarão na origem dos casos, de acordo com a edição desta quarta-feira do Público.
Porém, o problema estende-se por mais unidades hospitalares. No hospital de São João, no Porto, a percentagem de diagnóstico na urgência pediátrica por perturbações de ansiedade subiu ligeiramente e passou a barreira dos 70% (valores pré-pandemia) para se situar nos 76%. Em Coimbra, os casos de ansiedade diminuíram, mas verificou-se que perturbações de comportamento alimentar e tentativas de suicídio foram "mais graves".
Carla Pinho, diretora do serviço de pedopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), frisa em declarações ao diário que o impacto provocado pelo confinamento (e pandemia) é negativo e que terá repercussões no futuro.
"Sem dúvida que a pandemia e o confinamento têm impacto negativo na saúde mental de crianças e jovens e vai piorar mais tarde. Na região Centro, e cá no pediátrico, e não só na pedopsiquiatria, estamos todos preocupados com os efeitos desta pandemia nas crianças e jovens e com as medidas que devem ser tomadas. Estarem fechados desorganiza as crianças e jovens e os efeitos não são imediatos, vão aparecendo", informou.
Rui Coelho, diretor da Unidade Autónoma de Gestão da Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar Universitário de São João, realçou igualmente este problema nos jovens, salientando que é preciso pensar nos cuidados de saúde primários desta faixa etária nos próximos cinco a 10 anos. E acrescenta que mesmo que as idas às urgências tenham diminuído, a saúde mental não melhorou.
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