O relatório, divulgado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), revela que a procura do transporte ferroviário cresceu na área abrangida pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) acima do previsto (mais 40%) e que a venda de títulos ocasionais (transporte a pedido, municipal e intermunicipal) subiu 43%.

Por outro lado, registaram-se um aumento da venda de passes nos transportes urbanos de Tomar e “indícios de aumento” nos do Entroncamento, referem os dados relativos à CIMT (que abrange os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém, e ainda Sertã e Vila de Rei, distrito de Castelo Branco).

Na área da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) – que abrange os concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, no distrito de Santarém, e Azambuja (Lisboa) -, o aumento da procura do transporte público rodoviário foi de 4%, em comparação com 2018.

Nesta região, os dois operadores do transporte público rodoviário viram crescer em 27% a venda de passes, lê-se no relatório.

A CIMLT beneficiou de pouco mais de um milhão de euros do orçamento proveniente do Orçamento do Estado e dos municípios, no âmbito do PART, verba realizada em 100% na vertente da redução tarifária, traduzida num abaixamento do preço dos passes entre os 22,5% e os 45%.

Já a CIMT apenas realizou 85% dos perto de 900 mil euros disponibilizados, tendo superado o valor previsto para a redução tarifária (721 mil euros realizados contra os 686 mil submetidos, ou seja 105%), mas ficado bastante abaixo no aumento da oferta (dos 207 mil euros submetidos, foram realizados perto de 37 mil, ou seja, 18%).

O secretário executivo da CIMT, Miguel Pombeiro, disse à Lusa que o projeto que visou o aumento da oferta de ligações rápidas entre as cidades de Abrantes, Entroncamento, Fátima, Tomar, Torres Novas e Ourém apenas entrou em funcionamento em dezembro de 2019, tendo, por isso, um impacto diminuto nas contas.

A complexidade do projeto LINK – Estamos Ligados, que permite a realização de transporte a pedido já não apenas dentro dos concelhos, na ligação à sede de concelho, mas entre as diferentes cidades da região, bem como a forte procura da ferrovia perante a significativa redução dos custos são fatores que explicam a demora na implementação desta oferta, salientou.

Miguel Pombeiro afirmou que, com a pandemia da Covid-19 e todas as restrições impostas desde março, o valor para o modo ferroviário vai este ano ser “muito menor”, realçando o facto de em abril se ter registado uma quebra de venda de passes próxima dos 90%.

Quanto ao transporte rodoviário, o secretário executivo da CIMT afirmou que se encontra neste momento a funcionar praticamente aos mesmos níveis do período homólogo.

Segundo o relatório do IMT, o PART, que em 2019 teve um financiamento total de 102,2 milhões de euros, levou a um aumento global de passageiros nos transportes públicos das duas áreas metropolitanas e nas 21 comunidades intermunicipais.

O IMT considera que o programa "teve impacto imediato e muito significativo no financiamento do sistema de transportes, na poupança das famílias e na simplificação dos sistemas tarifários de algumas regiões", com uma entrada de novos passageiros no transporte público "significativa nalguns casos", embora na maioria o impacto tenha sido "moderado".